Ministros do STF em Xeque-Mate: quando “amizades” e negócios ferem a ética

Entre relações perigosas, interesses cruzados e a erosão da confiança pública

Ministros do STF em Xeque-Mate: quando “amizades” e negócios ferem a ética

A mais alta Corte do país deveria ser o último refúgio da ética, da sobriedade institucional e da imparcialidade. Contudo, quando ministros do Supremo Tribunal Federal passam a figurar em manchetes por amizades promíscuas, relações empresariais nebulosas e proximidades políticas inconvenientes, o tabuleiro da democracia entra em xeque-mate moral — não por falta de leis, mas por excesso de tolerância.

Não se trata de criminalizar relações sociais. Ministros não vivem em mosteiros. O problema nasce quando laços pessoais e interesses privados colidem com decisões públicas, quando jantares viram bastidores de poder, quando eventos patrocinados e relações empresariais criam a sensação — ainda que não comprovada — de que a toga perdeu sua neutralidade. Em Direito, a aparência importa tanto quanto o ato.

A Constituição exige mais que legalidade: exige decoro, impessoalidade e independência. E é exatamente aí que o STF se vê acuado. Como convencer a sociedade da isenção de um julgamento quando o julgador frequenta círculos que orbitam o objeto da causa? Como exigir respeito às decisões quando a própria Corte parece relativizar seus próprios limites éticos?

O dano maior não é apenas institucional; é pedagógico. Ao normalizar relações que ferem a ética, a Corte envia um recado perigoso: o de que a lei é dura para uns e maleável para outros. A confiança pública — insumo essencial da Justiça — se esvai quando o cidadão percebe que o juiz pode ser parte, ainda que por afinidade.

Não se pede caça às bruxas, mas transparência radical, regras claras de impedimento e autocontenção. O STF não pode ser um clube social nem uma arena de negócios paralelos. Seus ministros devem ser guardiões da Constituição, não protagonistas de ambiguidades que alimentam desconfianças.

O xeque-mate está posto. Ou a Corte reafirma, com atos, a distância necessária entre toga, amizade e negócios, ou continuará perdendo o que nenhum poder pode se dar ao luxo de desperdiçar: legitimidade. Sem ela, toda decisão vira ruído — e a Justiça, um jogo em que o povo nunca vence.

 

Creditos: Professor Raul Rodrigues