Motta e Lindbergh ressurgem em busca de apoio na Câmara

Reaproximação estratégica entre Motta e Lindbergh

Às vésperas do recesso parlamentar, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem trabalhado para estreitar laços com o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) visando o apoio da bancada do PT. Em declarações à imprensa, Motta ressaltou: "Para mim, o jogo está zerado".

A relação entre ambos havia se deteriorado no mês de novembro, após diversos desentendimentos acerca da condução da Casa. Esses conflitos foram acirrados em razão do projeto antifacção, considerado uma resposta fundamental do governo Lula à crise de segurança pública, especialmente após uma megaoperação realizada no Rio de Janeiro.

Motta havia designado o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), aliado do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), como relator do projeto, o que intensificou as críticas de Lindbergh. O clima entre eles já era tenso, com a equipe de Motta se queixando da postura de Lindbergh, que acusavam de tentar desgastar a imagem da Câmara diante da opinião pública.

A situação se complicou ainda mais quando Motta decidiu pautar a redução das penas de ex-presidentes, incluindo Jair Bolsonaro (PL), que fora condenado por atos associados aos eventos golpistas. Lindbergh não hesitou em manifestar seu protesto, afirmando em tribuna que Motta estava "perdendo as condições de continuar" no cargo, além de sugerir que ele poderia enfrentar um crime de responsabilidade.

Como resposta, Motta utilizou suas redes sociais para defender a necessidade de "proteger a democracia do grito, do gesto autoritário, da intimidação travestida de ato político". Após um período conturbado e a cassação dos mandatos de ex-deputados, ambos os líderes começaram a se comunicar novamente por telefone.

Um encontro presencial ocorreu na residência oficial do presidente da Câmara, onde discutiram os desafios enfrentados e concordaram em manter um diálogo mais aberto. Foi acordado também que pretendem se encontrar novamente no final do ano na Paraíba, estado natal de Motta e da família de Lindbergh.

Lindbergh manifestou à reportagem que nunca houve problemas pessoais entre ele e Motta. As divergências, segundo ele, foram principalmente em relação a pautas difíceis, como a dosimetria e o PL antifacção. Ele afirmou: "Acho que a relação no próximo ano será muito melhor".

Motta reiterou que os desentendimentos nunca foram de natureza pessoal, mas sim sobre diferenças de mérito em relação às propostas discutidas. Ele acredita que a conversa recente ajudou a minimizar as divergências e a "zerar o jogo". "Tenho enorme respeito pela bancada do PT", completou.

Atualmente, Lindbergh permanece como líder do partido até 2 de fevereiro, quando o Congresso se reencontrará após o recesso e Pedro Uczai (RS) irá assumir a representação da bancada do PT. Mesmo ao deixar o cargo, espera-se que Lindbergh mantenha sua influência, já que é uma das figuras mais respeitadas do partido nas redes sociais e marido da ministra Gleisi Hoffmann, responsável pela Secretaria de Relações Institucionais.