EUA intercepta petroleiros em ação contra Venezuela
22/12/2025, 06:09:56EUA interceptam terceiro petroleiro próximo à Venezuela
Os Estados Unidos interceptaram um terceiro navio petroleiro próximo à costa da Venezuela, segundo as informações divulgadas neste domingo (21) pelas agências de notícias Bloomberg e Reuters. A Guarda Costeira dos Estados Unidos realizou neste domingo uma operação contra o navio petroleiro Bella 1 em águas internacionais próximas à Venezuela. De acordo com a Bloomberg, a embarcação usava uma bandeira do Panamá e seguia para a Venezuela para ser carregada. A Reuters afirma que o navio é alvo de sanções. As autoridades norte-americanas não divulgaram detalhes sobre a localização exata nem sobre os desdobramentos da ação. A operação representa a segunda ação desse tipo somente neste fim de semana e a terceira em um mês, dando sequência às abordagens do petroleiro Centuries, realizada na manhã de sábado (20), e do navio Skipper, em 10 de dezembro.
Dentro da manhã de sábado (20), um segundo navio petroleiro foi apreendido próximo à costa da Venezuela. Segundo a Reuters, o destino seria a China. A informação foi confirmada pela secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, na rede social X. “Em uma operação realizada antes do amanhecer de hoje, 20 de dezembro, a Guarda Costeira dos EUA, com o apoio do Departamento de Guerra, apreendeu um navio-tanque que estava atracado na Venezuela”, afirmou. E complementou dizendo que “os Estados Unidos continuarão a perseguir o movimento ilícito de petróleo sancionado usado para financiar o narcoterrorismo na região. Nós os encontraremos e os deteremos.” A ação ocorreu poucos dias depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar um bloqueio total dos petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela. O governo venezuelano classificou a interceptação do petroleiro como um "grave ato de pirataria internacional". A Venezuela "denuncia e repudia o roubo e o sequestro de uma nova embarcação privada que transportava petróleo, bem como o desaparecimento forçado de sua tripulação, crimes cometidos por militares dos Estados Unidos da América em águas internacionais", diz o comunicado.
Caracas afirmou que as ações serão comunicadas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, a outras organizações multilaterais e a governos. A segunda embarcação interceptada, chamada Centuries, navegava sob bandeira do Panamá utilizando o nome falso “Crag”, e era integrante da chamada “frota paralela”, onde petroleiros disfarçam sua localização para evitar sanções. O navio transportava cerca de 1,8 milhão de barris de petróleo bruto venezuelano do tipo Merey com destino à China. Segundo fontes do setor e imagens de satélite do TankerTrackers.com, a embarcação deixou as águas da Venezuela na quarta-feira (17), após ter sido brevemente escoltada pela Marinha venezuelana. Documentos indicam ainda que a carga foi adquirida pela Satau Tijana Oil Trading, uma das intermediárias envolvidas nas vendas da PDVSA para refinarias independentes chinesas.
Na última terça-feira (16), o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou um bloqueio total de petroleiros sancionados saindo da Venezuela e disse que o país está totalmente cercado militarmente. "A Venezuela está completamente cercada pela maior armada já reunida na história da América do Sul. Ela só tende a crescer e o choque para eles será algo sem precedentes — até que devolvam aos Estados Unidos da América todo o petróleo, terras e outros bens que nos roubaram", declarou nas redes sociais. Na mesma publicação, Trump chama o regime de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, de ilegítimo e diz que Maduro está usando o petróleo desses campos roubados para financiar a si, o narcotráfico, o tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros. "Pelo roubo de nossos bens e por muitos outros motivos, incluindo terrorismo, tráfico de drogas e tráfico de pessoas, o regime venezuelano foi designado uma organização terrorista estrangeira. Portanto, hoje, estou ordenando bloqueio total e completo de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela", diz parte da declaração de Trump.
As tensões seguem em uma crescente. Desde agosto, os EUA mobilizam um forte aparato militar no Caribe, em uma área próxima à costa venezuelana. O governo dos EUA efetuou cerca de 20 ataques militares a embarcações que supostamente transportavam, deixando ao menos 83 mortos. Além dos ataques e da grande presença militar na região, Trump também autorizou operações secretas da CIA na Venezuela. A justificativa da Casa Branca para a mobilização é conduzir uma operação contra o narcotráfico internacional. Mas, de acordo com autoridades americanas, o objetivo final seria retirar Maduro do poder. Durante o mês de novembro, Trump também fez declarações sobre as companhias aéreas considerarem o fechamento total do espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela. A nova frente de Trump na ofensiva contra Maduro agora está voltada à principal fonte econômica da Venezuela, ou seja, o petróleo. Dessa forma, com as novas ações do governo norte-americano, a Venezuela pode ainda vir a ser obrigada a suspender em breve a operação de alguns poços de petróleo devido à redução da capacidade de armazenamento. Caso a capacidade se esgote, a estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA), na qual a produção se aproxima de 1 milhão de barris por dia, pode interromper a operação de alguns poços.