Documentos revelam esquema de desvio na Saúde em Alagoas

Documentos revelam esquema de desvio na Saúde em Alagoas

Conforme a PF, secretário Gustavo Pontes de Miranda lidera o esquema que teria desviado R$100 milhões de programa Mais Saúde Especialidades do SUS no estado.

Documentos obtidos com exclusividade pela TV Asa Branca Alagoas mostram que denúncia anônima de grande movimentação de dinheiro vivo deu início à operação da Polícia Federal (PF) sobre uma rede de corrupção dentro da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Segundo a PF, o esquema teria desviado aproximadamente R$100 milhões de verbas públicas do SUS. Nos documentos, a PF aponta como líder do esquema o secretário Gustavo Pontes de Miranda, afastado do cargo por determinação da Justiça por 180 dias.

A polícia também aponta a fisioterapeuta Andreia Araújo Cavalcante como suposta amante de Pontes de Miranda e uma das beneficiárias do esquema. Um depósito via pix no valor de R$50 mil para Andreia Araújo voltou as atenções dos investigadores para a fisioterapeuta que ocuparia um cargo em comissão na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) e teria padrão de vida incompatível com a renda dela.

A PF diz que o pix coincide com o início dos repasses da Sesau para o NOT. Conforme a PF, Andreia Araújo Cavalcante é proprietária de uma pequena loja de roupas e acessórios femininos em Brasília, mas mora em uma casa de alto padrão que, segundo a PF, está avaliada em mais de R$1,5 milhão.

Os documentos que chegaram até a TV Asa Branca mostram, ainda, que o pagamento para Andreia Araújo foi feito pelo médico Reinaldo Fernandes Júnior. O ortopedista é sócio administrador do NOT (Núcleo de Ortopedia e Traumatologia) que funciona em Maceió e é um dos alvos da operação Estágio IV, deflagrada em Alagoas na terça-feira (16).

As investigações apontam que Reinaldo seria o responsável pelo desvio do recurso do SUS para o secretário afastado Gustavo Pontes de Miranda. PF diz que NOT seria elo entre os envolvidos. Na investigação, a PF diz que Gustavo Pontes e Reinaldo Fernandes eram sócios no NOT até um mês antes de a clínica entrar para o programa Mais Saúde Especialidades.

Conforme a denúncia, já como secretário, Gustavo Pontes autorizou a entrada da empresa no Mais Saúde Especialidades mesmo sem o NOT ter apresentado toda a documentação exigida pelo plano de trabalho do programa federal. A PF afirma também que a empresa segue atendendo o programa em situação precária.

A produção do jornalismo da TV Asa Branca e o g1 tentam desde esta quarta-feira um posicionamento dos citados na reportagem. O texto será atualizado se houver resposta.