Reunião discute futuro da Enel após apagões em São Paulo

Reunião discute futuro da Enel após apagões em São Paulo

Reunião no Palácio do Governo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou na noite desta segunda-feira (15) que participará, nesta terça-feira (16), às 14h30, de uma reunião no Palácio do Governo com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), para discutir a situação da concessionária Enel e a concessão do serviço de energia elétrica após sucessivos apagões que deixaram milhões de pessoas sem luz na capital. As informações são do Roda Viva.

O anúncio foi feito durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, após uma semana marcada por vendaval histórico, quedas de árvores e instabilidade no fornecimento de energia. Segundo o prefeito, ele estará acompanhado da procuradora-geral do município, Lúcia Nardo, e do secretário de Justiça, André Lemos Jorge. Pelo governo estadual, também participará a procuradora-geral do Estado.

Questionado sobre o clima de confronto público entre a prefeitura, o governo estadual e o governo federal, Nunes afirmou que a reunião não será uma "lavação de roupa suja", mas uma tentativa de resolver o problema. Ele disse que pretende reforçar ao ministro que a Enel não pode receber o mesmo tratamento dado a empresas que cumprem normas e prestam serviço adequado à população.

Durante a entrevista, o prefeito também mencionou prejuízos estimados em cerca de R$ 5 bilhões, citando avaliações divulgadas por entidades como a Associação Comercial de São Paulo e federações do comércio e da indústria, em razão das interrupções no fornecimento de energia.

Nunes criticou ainda a defesa, por parte do ministro, da antecipação da renovação do contrato da concessionária, que vence em 2028. Segundo o prefeito, a empresa iniciou a operação em São Paulo em 2018 e, desde então, não realizou os investimentos necessários para garantir a qualidade do serviço.

O prefeito contestou informações divulgadas pela concessionária sobre o número de equipes em atuação após o vendaval. Segundo ele, a afirmação de que havia 16 equipes trabalhando na cidade "não condiz com a realidade". Nunes afirmou que faltaram profissionais em campo e que houve locais onde árvores permaneceram caídas por mais de 30 horas, chegando a dois ou três dias de espera para que a energia fosse desligada e a remoção realizada, situação que, segundo ele, foi acompanhada pela imprensa.

O prefeito também apresentou dados financeiros para sustentar as críticas. De acordo com Nunes, a Enel registrou lucro de cerca de R$ 1,1 bilhão no ano passado, apesar de não ter cumprido integralmente os investimentos definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo o prefeito, a agência estipulou um aporte de R$ 3,9 bilhões nos últimos 12 meses em pessoal, equipamentos e operação, valor que já é considerado no cálculo da tarifa paga pelos consumidores, mas a empresa teria investido cerca de R$ 3 bilhões.

Ao comentar cenários possíveis, Nunes voltou a citar o exemplo do estado de Goiás, onde a concessionária deixou de atuar após pressão do governo estadual e reação da população. Segundo ele, embora ainda existam desafios, o serviço melhorou em relação ao período anterior.

O prefeito defendeu que uma eventual intervenção ou mudança de concessão não é simples, mas pode redirecionar recursos hoje destinados ao lucro para investimentos em pessoal, equipamentos e atendimento à população.

Nunes destacou que, no início da noite, havia cerca de 39 mil imóveis sem luz na capital, número que subiu para aproximadamente 46 mil durante o programa, o que representaria cerca de 160 mil pessoas afetadas. O Portal iG entrou em contato com a Enel para comentar as críticas de Ricardo Nunes, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.