Com Palmeiras medroso até tomar o gol, Flamengo é campeão

Abel teve medo do Flamengo, jogou recuado, e o Flamengo disponibilizou até Rossi para jogar na intermediária do seu time. Com times iguais jogo tem que ser de igual para igual.

Com Palmeiras medroso até tomar o gol, Flamengo é campeão

O futebol tem dessas ironias que só o campo explica. Em uma final onde se esperava dois gigantes protagonizando um duelo de coragem, o Palmeiras entrou pequeno demais para o tamanho da partida — e pagou o preço. O Flamengo, que não tem o hábito de pedir licença nem de aceitar intimidação, aproveitou cada centímetro do medo alheio e ergueu a taça com autoridade.

O time paulista iniciou o jogo como quem teme perder mais do que deseja vencer. Linhas baixas, pouca criatividade, passes laterais e um respeito exagerado ao adversário, como se o Flamengo fosse uma tempestade da qual era preciso se proteger. Essa postura retraída entregou ao rival aquilo que ele mais gosta: espaço mental para crescer, assumir o protagonismo e impor ritmo. O Palmeiras esperou demais. Esperou o gol, esperou a coragem e esperou a própria vontade de jogar futebol.

Do outro lado, o Flamengo entendeu rapidamente o cenário. Quando percebeu o alviverde encolhido, tratou de ocupar o campo ofensivo, rondar a área e provocar o erro. O gol rubro-negro não veio por acaso — foi consequência natural da postura covarde do adversário. O Flamengo decidiu antes, arriscou antes e acreditou antes. Futebol premia quem se impõe.

Após o gol sofrido, o Palmeiras enfim acordou, como se a final tivesse começado ali. Tentou adiantar linhas, disputar mais bolas, acelerar o jogo. Mas já era tarde. Uma equipe que entra em campo com medo paga com o relógio: cada minuto perdido vira um obstáculo adicional. Mesmo com maior ímpeto depois do sofrimento, faltou organização e sobrou desespero. O Flamengo, maduro, soube administrar como campeão faz: com inteligência, controle emocional e entendimento de grandeza.

No apito final, o resultado refletiu mais do que 90 minutos. Mostrou o que acontece quando um gigante hesita: o adversário cresce. O Palmeiras jogou para não perder; o Flamengo jogou para ganhar. E no futebol, como na vida, o título costuma ficar com quem escolhe a coragem.

Creditos: Professor Raul Rodrigues