Viver é uma guerra
21/11/2025, 07:34:43Entre batalhas íntimas e trincheiras sociais das invejas dos derrotados na vida e na política
Viver é uma guerra. Não aquela feita de fuzis, tanques ou bandeiras hasteadas em território inimigo, mas uma guerra cotidiana, silenciosa, que todos travamos desde o instante em que abrimos os olhos pela manhã. Cada pessoa carrega seu campo de batalha particular — alguns visíveis, outros camuflados sob sorrisos, rotinas e obrigações. A vida, por mais doce que seja em certos trechos, cobra resistência, estratégia e coragem.
A primeira guerra é interna. É contra as dúvidas que nos cercam, os medos que insistem em sussurrar derrotas antecipadas, e contra aquele inimigo mais feroz: nós mesmos. Há dias em que a vontade fraqueja, em que a incerteza paralisa e em que o peso do mundo parece maior do que nossas armas emocionais podem sustentar. E, ainda assim, seguimos. Porque viver é avançar mesmo sem garantias.
Há também a guerra social. Viver numa comunidade, numa cidade, num país, é enfrentar estruturas injustas, disputas políticas, desigualdades gritantes, expectativas e pressões que tentam moldar cada passo. Somos soldados obrigados a lutar por oportunidades, respeito, espaço. A sobrevivência não é apenas biológica — é moral, econômica, psicológica.
E, por fim, há a guerra dos afetos. O amor, a amizade, a família: tudo isso também exige batalhas. É preciso lutar para manter o que é importante, para salvar relações do desgaste, para pedir perdão, perdoar, recomeçar. O coração, por incrível que pareça, é o terreno mais sensível de todo o conflito.
Mas nem toda guerra termina em destruição. Algumas batalhas nos fortalecem, lapidam e nos fazem descobrir potências que não sabíamos ter. Viver é uma guerra porque exige movimento, adaptação, defesa e ataque — mas é também uma construção. Cada vitória silenciosa, cada queda superada, cada cicatriz que não nos envergonha é parte do triunfo de existir.
No fim, viver é guerrear para seguir sendo quem se é. E essa talvez seja a mais nobre de todas as guerras: a luta constante para não desistir de si mesmo, apesar das tempestades, dos tropeços e das derrotas momentâneas. Porque, enquanto houver batalha, há vida. E enquanto houver vida, há possibilidade de vitória.