Mulheres ganham destaque no franchising brasileiro

Mulheres ganham destaque no franchising brasileiro

No Dia do Empreendedorismo Feminino, um marco no franchising

No Dia do Empreendedorismo Feminino, celebrado hoje (19), o franchising brasileiro revela uma face que há anos se fortalece, mas agora se consolida como protagonista da expansão do setor. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram que as mulheres não apenas avançaram em participação numérica, mas também elevaram sua influência em cargos estratégicos e na condução de unidades franqueadas por todo o País.

Em um setor no qual o faturamento cresceu 14,2% no segundo trimestre deste ano (R$ 69,9 bilhões), que ultrapassa 200 mil operações em funcionamento e emprega 1,7 milhão de pessoas, o avanço feminino não é apenas resultado de inclusão: é força motriz de desempenho, inovação e liderança.

O aumento da presença feminina

Em quase uma década, a presença das mulheres nas redes franqueadoras saltou de 46% para 57%, aponta levantamento da ABF. A atuação delas em posições de liderança também deu um salto expressivo: de 19% para 29% no mesmo período.

Nas operações franqueadas, o movimento é semelhante. As mulheres agora representam 51% da força de trabalho e 3 em cada 10 operações são comandadas por mulheres (32,2%). Essa virada não é casual. É resultado de uma combinação de fatores sociais, tecnológicos e corporativos.

Entrevista com Cristina Franco, presidente do Conselho da ABF

Em entrevista exclusiva à coluna Ideia e Meio, Cristina Franco explica que o movimento é estrutural e contínuo. Segundo ela, o cenário é resultado de múltiplos fatores, entre eles a democratização do acesso à formação profissional e o impacto da tecnologia na qualificação. “O avanço contínuo da tecnologia tem sido um grande facilitador e tem permitido que as mulheres acessem informações e recursos educacionais de forma mais ampla, o que as capacita para o empreendedorismo e a gestão de negócios”, revela.

Cristina também aponta o fortalecimento das redes de apoio e das mentorias específicas para o público feminino como ponto de virada. Além disso, lembra que transformações nas famílias desempenham um papel importante: “Não podemos ignorar as mudanças nas dinâmicas familiares. A maior participação dos pais nas tarefas domésticas e no cuidado com os filhos tem proporcionado às mulheres mais tempo e flexibilidade para buscar oportunidades de empreender e trabalhar”, explica.

Características das líderes femininas

A presidente descreve um padrão recorrente entre as líderes do franchising. “O que observamos é que as mulheres trazem uma abordagem de liderança bastante distintiva e eficaz. Essa liderança é frequentemente marcada por habilidades interpessoais mais desenvolvidas, o que se traduz em um estilo de gestão que prioriza a colaboração e uma comunicação mais assertiva, profundamente calcada na empatia.”

Essas líderes tendem a adotar comportamentos mais inclusivos e participativos. O foco delas está consistentemente no desenvolvimento integral de suas equipes e elas trabalham ativamente para promover um ambiente corporativo positivo, no qual o bem-estar dos colaboradores é uma prioridade estratégica.

A visão de longo prazo também se destaca como uma marca registrada das líderes mulheres, que demonstram capacidade superior de planejar e executar estratégias com maior facilidade, o que é crucial para a sustentabilidade e o crescimento das unidades franqueadas.

Oportunidades no setor de franchising

Com mais de 10,35 milhões de mulheres empreendendo no Brasil, segundo informações do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Cristina Franco diz que o franchising se tornou um caminho natural para quem busca segurança e estrutura.

“O setor de franchising tem algumas características que atraem as empreendedoras. Entre elas está o empreendedorismo assistido, já que trata-se de um modelo testado. Além disso, os empreendedores recebem suporte contínuo da franqueadora, usufruindo de uma estrutura padronizada que visa reduzir riscos e custos”, explica.

Essa estrutura é decisiva, pois permite que quem decide abrir uma franquia se concentre em operar a unidade, aproveitando o reconhecimento da marca e o know-how já estabelecido, ao mesmo tempo que tem a flexibilidade de adaptar algumas ações ao mercado local.

O pilar de educação da ABF também contribui diretamente para a formação de novas empreendedoras. “Mantemos cursos e trilhas destinadas a ampliar o conhecimento de quem pretende empreender ou de quem já empreende”, comenta Cristina.

Expectativas para os próximos anos

Ainda que a evolução das mulheres se espalhe por todo o setor de franquias, segmentos como saúde, beleza e bem-estar, moda, educação e alimentação concentram a maior expansão.

Para os próximos anos, Cristina prevê continuidade desse crescimento. “Este movimento tende a continuar, tanto por questões sociais, como pelo maior desejo dos brasileiros por empreender e pelas contribuições que as empreendedoras já trazem aos negócios”, afirma.

O avanço das mulheres no franchising revela não só mudanças no mercado de trabalho, mas profundas transformações de comportamento, consumo e tomada de decisão. Em um cenário onde branding, experiência e capilaridade são fundamentais, ter mais mulheres à frente das unidades e redes significa trazer novas leituras de público, gestão e relacionamento.