Dupla presa por envenenar casal e roubar patrimônio
19/11/2025, 06:06:47Investigação da Polícia Civil de Minas Gerais
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu o inquérito que apurou a morte de um casal homoafetivo em junho deste ano em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce (MG). A investigação aponta que eles foram envenenados, morrendo no intervalo de seis dias.
Entre os cinco indiciados na última sexta-feira (14), está a irmã de um deles e um amigo da outra vítima, que teriam envenenado o casal para ficar com cerca de R$ 1,3 milhão em patrimônio.
Entenda o caso
Everaldo Gregório de Souza, de 60 anos, e o norte-americano Thomas Stephen Lydon, de 65, mantinham um relacionamento estável há mais de duas décadas. Eles chegaram a ser enterrados como se tivessem morrido de causas naturais, mas denúncias dos familiares deram início às investigações que resultaram na descoberta de um esquema criminoso.
Os indiciados são: a irmã de Everaldo, de 52 anos; um amigo de Thomas, de 35; um homem, de 40; uma advogada de 44 anos, suspeita de orientar testemunhas a prestarem informações falsas; e um homem de 38 anos investigado por lavagem de dinheiro. A irmã seria a mentora do esquema. Segundo a PCMG, ela teria adquirido grande quantidade de medicamentos de uso controlado com receitas falsas, auxiliada pelo amigo de 35 anos. Conforme laudo pericial, as substâncias podem ter sido misturadas a bebidas e administradas às vítimas.
Cronologia das mortes
A primeira morte ocorreu em 20 de junho, quando Thomas, natural dos Estados Unidos e residente no Brasil desde 2019, foi a óbito por intoxicação. Seu companheiro, Everaldo, faleceu em 26 de junho, após permanecer hospitalizado desde o dia 19 de junho.
Descoberta da fraude
A primeira vítima não havia sido encaminhada ao Instituto Médico-Legal (IML) porque não havia sinais de violência. Porém, com a segunda morte e o avanço das investigações após denúncia de familiares, surgiram indícios de homicídio. A PCMG então pediu a exumação dos corpos para coletar material e realizar exames toxicológicos que ajudassem a esclarecer o caso.
Nas buscas na casa do suspeito, de 35 anos, foram apreendidos carimbos e receituários falsificados. As profissionais de saúde cujos nomes apareciam nos documentos negaram ter emitido o material, confirmando a fraude.
Motivação financeira
A investigação apontou também que os assassinatos tiveram motivação financeira. A quebra dos sigilos bancário e fiscal revelou que, logo após as mortes, os suspeitos movimentaram mais de R$ 2 milhões.
Entre as operações identificadas estão o resgate de uma aplicação de cerca de R$ 379,2 mil e a venda de um imóvel do casal, avaliado em R$ 950 mil.
Quatro dos indiciados vão responder por homicídio qualificado, falsificação de documentos, uso de documento falso, estelionato, lavagem de dinheiro, associação criminosa e fraude processual. A quinta indiciada, a advogada, foi indiciada por coação no curso do processo.