Eduardo Bolsonaro critica Moraes por acusações e política no STF
18/11/2025, 08:13:21Eduardo Bolsonaro diz que Moraes quer impedir a direita no Senado em 2026
Supremo formou maioria para tornar deputado réu sob acusação de coação ao atuar nos EUA; ele tinha pretensão de ser candidato ao Senado no próximo ano.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) afirmou que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), está atuando para impedir que a direita tenha maioria no Senado em 2026, justificativa pela qual votou para torná-lo réu na corte. Nesta tarde, a Primeira Turma do STF formou maioria para receber a denúncia contra o deputado federal, que enfrenta a acusação de coação. Além de Moraes, os ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin também votaram a favor da denúncia. Cármen Lúcia, a outra integrante da Primeira Turma, tem até o dia 25 para apresentar sua posição.
Eduardo, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alega sofrer perseguição política por parte do magistrado e argumenta que a acusação se relaciona na verdade ao governo Donald Trump, nos EUA, devido à imposição de sanções contra produtos brasileiros e autoridades. "Como crime de coação exige meio ilícito - e a [Lei] Magnitsky não é ilícita, é meio legal dos Estados Unidos - e um instrumento que esteja sob minha disposição, e Magnitsky eu não assino, nem tarifa eu assino, quem assina isso é o Trump e secretariado [dele], notoriamente são crimes que não competem a mim. Eu jamais poderia estar sendo acusado por isso", disse ele em vídeo divulgado nas redes sociais.
O deputado continuou, afirmando: "Moraes está usando política dentro do tribunal para limar a possibilidade de a direita ter maioria no Senado ano que vem", citando também o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que teve uma ação penal suspensa pela Câmara no mês passado.
Em entrevista à CNN, Eduardo comparou sua situação à de seu pai, que cumpre prisão domiciliar, e classificou o processo como "gambiarra jurídica". "Essa gambiarra jurídica é só a tentativa do tribunal de me tornar inelegível a todo custo. Já fizeram isso com o meu pai e, agora, querem fazer comigo", enfatizou.
Eduardo Bolsonaro e o empresário Paulo Figueiredo estão sendo acusados pela PGR de tentarem articular ações junto ao governo dos Estados Unidos para intervir nos processos legais que cercam Jair Bolsonaro no Brasil. Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, a ação da dupla é caracterizada pelo crime de coação, que envolve usar violência ou ameaça grave para favorecer interesses próprios ou alheios.
O processo contra Eduardo e Figueiredo foi desmembrado. Moraes ordenou que Eduardo fosse intimado por edital, sob a alegação de que estava dificultando o andamento do caso; Figueiredo, que reside nos Estados Unidos há mais de uma década, será notificado pessoalmente por meio de cooperação jurídica internacional.
A Procuradoria-Geral da República alega que Eduardo e Figueiredo começaram a articular várias ações para intervir no processo penal desde que a denúncia contra Bolsonaro foi recebida no Supremo. O procurador afirma que tentaram explorar seus contatos com membros do governo americano e assessores do presidente Donald Trump para constranger a atuação do STF.
Neste momento, os ministros do STF estão avaliando se a denúncia da PGR contém indícios suficientes para justificar a abertura de um processo penal contra Eduardo. Se a denúncia for aceita, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro se tornará réu e responderá na corte pelos crimes que lhe foram imputados.