BHP é responsabilizada por tragédia de Mariana na Justiça britânica

A decisão da Justiça britânica

O grupo minerador BHP foi considerado legalmente responsável pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), pela Justiça britânica, em uma decisão proferida na sexta-feira (14). Os advogados que representam mais de 620 mil pessoas afetadas buscam indenização de até 36 bilhões de libras (equivalente a R$ 250 bilhões).

Indenizações e ações no Reino Unido

A Alta Corte de Londres determinou que a BHP, ao elevar a altura da barragem sem as devidas condições de segurança, foi a “causa direta e imediata” do rompimento, o que a torna responsável pela tragédia. As informações foram divulgadas pela agência de notícias Reuters.

Centenas de milhares de brasileiros, além de prefeituras e aproximadamente duas mil empresas, entraram com ações contra a BHP devido ao colapso da barragem, cuja proprietária, a Samarco, é uma parceria entre BHP e Vale.

A empresa já anunciou que pretende recorrer da decisão, argumentando que já indenizou 240 mil autores da ação no Brasil, o que, segundo o presidente da BHP Minerals Americas, Brandon Craig, diminuiria “significativamente o tamanho e o valor das demandas” no Reino Unido.

A defesa da BHP

Os advogados dos autores acusam a BHP de tentar “cinicamente” evitar responsabilidades desde o início do megaprocesso, iniciado em outubro. A mineradora afirma que o processo em Londres replica ações e programas de reparação que já estão em andamento no Brasil. Na primeira semana do julgamento, foi assinado um acordo de R$ 170 bilhões (US$ 31 bilhões) entre o governo brasileiro, a BHP, a Vale e a Samarco.

A empresa informa que já gastou quase R$ 63 bilhões em reparações, indenizações e pagamentos a autoridades públicas desde o desastre em 2015.

Impactos da tragédia de Mariana

O desastre, que é considerado o pior da história ambiental do Brasil, resultou na liberação de aproximadamente 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos, causando a morte de 19 pessoas. Além disso, milhares foram desalojados, e as consequências devastadoras se estenderam por áreas de mata e contaminaram todo o curso do Rio Doce.

No último dia 5 de novembro, a tragédia de Mariana completou 10 anos, impactando diretamente 49 municípios.

O tribunal britânico ainda decidirá o valor da indenização em um novo julgamento, agendado para outubro de 2026. Segundo informações do portal Financial Times, a BHP e a Vale concordaram em dividir as quantias indenizatórias.

No Brasil, a BHP e a Vale já pagaram R$ 68 bilhões a pessoas afetadas pelo desastre e a autoridades públicas, resultando na compensação de cerca de 575 mil pessoas físicas, que receberam aproximadamente US$ 31 bilhões.