Aumento da tarifa da água e esgoto: uma guerra anunciada por falta de comunicação?
13/11/2025, 09:06:43Quando o silêncio das autoridades fala mais alto que o valor cobrado na conta do povo. Em Penedo a coisa pode se complicar para a empresa.
O aumento da tarifa de água e esgoto, em qualquer cidade, costuma ser o estopim de uma insatisfação coletiva. Mas quando essa medida vem sem o devido diálogo, o que poderia ser compreendido como necessidade técnica transforma-se numa guerra política e social — uma guerra anunciada, alimentada não apenas pela alta nos valores, mas pela falta de comunicação clara e transparente com a população.
A água, bem essencial à vida, tem peso simbólico e emocional. Não se trata apenas de um serviço, mas de um direito. Por isso, qualquer reajuste que a envolva precisa vir acompanhado de justificativas que convençam, de explicações que informem e de uma postura que respeite o cidadão. O que se vê, no entanto, é o oposto: o aumento chega antes da explicação, e a conta chega antes da satisfação.
A ausência de diálogo entre gestores públicos, concessionárias e sociedade cria um vácuo perigoso. Nesse espaço vazio, a desinformação se espalha, a desconfiança cresce e o povo, cansado de pagar caro por serviços muitas vezes precários, reage com indignação. A comunicação, que deveria ser a ponte, vira muro. E o problema técnico se transforma em crise política.
É preciso lembrar que governar é também saber comunicar. E comunicar não é apenas divulgar notas oficiais, mas falar com clareza, ouvir críticas e antecipar reações. Quando isso não acontece, a conta não fecha — nem no papel, nem na consciência do cidadão.
O aumento das tarifas poderia até ser entendido se viesse acompanhado de melhorias visíveis, metas cumpridas e transparência sobre custos e investimentos. Mas sem isso, soa como mais um peso injusto sobre quem já carrega tantos. Assim, o reajuste vira símbolo de descaso, e a população, sem voz, responde com revolta.
No fim, o problema não está apenas no valor da conta d’água, mas no valor que se dá à comunicação. Quando o poder público fala pouco e o povo não é ouvido, até o mais simples reajuste se transforma numa guerra anunciada — e a paz, como sempre, fica para depois.