Notícias não devem ser confundidas com fofocas
10/11/2025, 16:20:16Quando a informação vira espetáculo, perde-se o jornalismo e ganha o boato
Há uma linha tênue — e cada vez mais borrada — entre o que é notícia e o que é fofoca. A diferença, contudo, é essencial para a saúde da democracia, da ética e da credibilidade dos meios de comunicação. Uma notícia nasce do compromisso com a verdade, da checagem dos fatos e da responsabilidade de informar. Já a fofoca nasce da curiosidade, do achismo e do desejo de provocar emoção — seja indignação, riso ou escândalo.
Nos tempos das redes sociais, onde a velocidade vale mais que a veracidade, muitos confundem jornalismo com entretenimento. O resultado é o que vemos diariamente: manchetes fabricadas para gerar cliques, “furos” que não resistem a uma verificação mínima, e comentaristas que confundem opinião pessoal com apuração. A fofoca, quando travestida de notícia, corrói a confiança do público e transforma o jornalismo em um espetáculo de vaidades.
O papel da notícia é esclarecer, não inflamar. É trazer luz, e não fumaça. É servir ao interesse público, e não aos interesses de grupos, políticos ou “formadores de opinião” que buscam palco. Quando o repórter se torna personagem e o fato vira pretexto para exibição, o jornalismo perde o rumo — e a sociedade, a referência.
O cidadão também tem papel decisivo nesse cenário. É preciso questionar a origem da informação, buscar fontes confiáveis, desconfiar de títulos escandalosos e aprender a diferenciar o que é fato do que é apenas ruído.
A fofoca pode entreter por um momento, mas a notícia verdadeira é o que sustenta uma sociedade consciente e livre.
Porque, no fim, enquanto a fofoca vive do barulho, a notícia vive da verdade — e é nela que se constrói o futuro de uma imprensa digna e de um povo bem informado.