Emissora de JHC acolhe agiota e traficante de palavras — e o chama de “comentarista”
06/11/2025, 15:58:34Quando o microfone perde a ética, o que resta é o ruído travestido de opinião.
A imprensa, dizia-se outrora, era o quarto poder. Hoje, em certos redutos, virou balcão de negócios e vitrine de vaidades. A emissora de JHC, que deveria representar o pluralismo democrático, escolheu abrigar em seu espaço um “comentarista” cuja biografia mais se aproxima de uma crônica policial que de uma trajetória jornalística. Um agiota travestido de analista e um traficante de palavras, que transforma microfone em arma de aluguel.
Não é de hoje que o ambiente político e midiático de Alagoas vem sendo contaminado por esse tipo de figura: a do pseudo-comunicador que vende opinião por quilo, empresta a voz a quem Penedo conhece, e aluga a consciência para a narrativa conveniente. E a pergunta que ecoa é: qual o preço da coerência?
A emissora, ao acolher esse personagem, endossa a lógica perversa da comunicação de conveniência — aquela que transforma notícia em negócio e opinião em mercadoria. Pior: dá palco a quem vive do linchamento moral dos outros, sem coragem de olhar no espelho e reconhecer a própria lama.
JHC, que tenta construir a imagem de gestor moderno e político diferenciado, deveria lembrar-se de que a comunicação institucional também revela caráter. Ao permitir que sua emissora se torne abrigo para figuras tão moralmente falidas, assume o risco de confundir liberdade de expressão com libertinagem de expressão — e o público, mais cedo ou mais tarde, percebe a diferença.
A verdade é que a imprensa que acolhe agiotas da palavra se torna cúmplice da decadência moral do debate público. Um comentarista não se mede pelo tom da voz ou pela eloquência das frases de efeito, mas pela integridade do que defende e pelo respeito à verdade.
Quando o microfone é entregue a quem usa o verbo como veneno, o jornalismo morre um pouco — e o silêncio se torna mais digno que a fala vendida.