Bosque na Lapa é derrubado para construção de prédio

Bosque na Lapa é derrubado para construção de prédio

Antigo bosque na Lapa dará lugar a prédio e revolta moradores

O espaço conhecido como Bosque dos Salesianos, na Lapa, Zona Oeste da capital paulista, teve mais de 100 árvores derrubadas na última terça-feira (4) para dar lugar a um novo prédio. Nos últimos meses, moradores da região tentaram protestar contra o fim desse importante espaço verde. Após a derrubada das árvores, a rede social do movimento organizado pela população para tentar evitar os cortes fez uma postagem referindo-se ao local agora como "Ex-Bosque dos Salesianos".

Manifestação contra a derrubada das árvores

A professora aposentada Elysa Levy Fonseca testemunhou o barulho do primeiro corte de árvore no bosque, que fica em frente ao prédio onde reside. "É um horror, eles vão derrubar tudo. O bosque era maravilhoso", desabafou ela. Déborah de Paula, psicanalista e moradora da Lapa, protestava na frente do terreno durante a derrubada das árvores. "Recebi um alerta sobre o risco do bosque. Participei de uma reunião em um dos prédios da região, onde se discutia como defender o bosque dentro da lei. É um respiradouro no meio do bairro e, sem ele, pode haver alagamento no Baixo Lapa devido à falta de absorção de água das árvores", alertou.

Posicionamento da prefeitura e da construtora

Procurados pelo iG, tanto a prefeitura quanto a construtora se pronunciaram sobre o ocorrido. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente informou que todo o processo de manejo das árvores e de aquisição do terreno está de acordo com a legalidade. De acordo com o comunicado, a Tegra, construtora responsável, se comprometeu a plantar novas árvores na região.

A Secretaria afirmou: "O manejo arbóreo no Bosque dos Salesianos está autorizado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), com fundamentação técnica e legal, prezando pelo equilíbrio ambiental. Para o local, consta Termo de Compromisso Ambiental (TCA) nº 463/2025 para o manejo de 118 árvores, sendo 92 delas invasoras, exóticas ou mortas, além do plantio compensatório de 1.799 árvores nativas na região. Para o empreendimento, existem alvarás de aprovação e execução de edificação nova emitidos em conformidade com a legislação vigente".

A Tegra ainda acrescentou que, além do alvará, obteve um parecer favorável do Tribunal de Justiça de São Paulo. "O Tribunal reconheceu a regularidade do empreendimento e autorizou a retomada das atividades. O manejo arbóreo é feito seguindo critérios técnicos e ambientais da SVMA: aproximadamente 73% das árvores a serem removidas são mortas, invasoras ou exóticas, o que compromete a regeneração natural do espaço, e 66 exemplares nativos serão preservados. A companhia reafirma seu compromisso com o meio ambiente e com a urbanização, por meio do programa Gentilezas Urbanas, que já revitalizou mais de 100 áreas públicas na cidade".