Se JHC for mesmo candidato ao governo, como ficam Lira e Gaspar?
05/11/2025, 18:25:48O xadrez político alagoano se embaralha, e as peças podem não ter o mesmo valor fora do tabuleiro da conveniência.
Se JHC realmente confirmar sua candidatura ao governo de Alagoas em 2026, o tabuleiro político vai tremer. A jogada não é isolada — ela atinge diretamente dois aliados que hoje orbitam seu campo de influência: Arthur Lira e Rodrigo Cunha, além de acender o alerta no grupo de Benedito de Lira e, principalmente, de Rodrigo Gaspar, peça que vem sendo testada para o Senado ou até para a vice.
O movimento de JHC tem cheiro de ousadia e risco. Ao sair da Prefeitura de Maceió para disputar o governo, ele abre uma avenida de oportunidades — mas também de incertezas. Afinal, a prefeitura se torna moeda de troca, e quem herdar a cadeira precisará manter o mesmo ritmo midiático e de popularidade, tarefa nada simples.
Para Arthur Lira, a equação é delicada. Lira é mestre em mover peças com precisão cirúrgica, mas JHC como candidato a governador pode embaralhar o jogo nacional com o Palácio do Planalto e seus aliados federais. Se o prefeito virar candidato, Lira precisa decidir: mantém o apoio e aposta na vitória ou busca um novo cavalo para não perder influência?
E Gaspar, onde entra nesse cálculo? Gaspar vinha sendo ventilado como nome natural para o Senado numa possível composição liderada por JHC. No entanto, se o prefeito confirmar a candidatura, há duas possibilidades: Gaspar ser elevado a um protagonismo inédito como vice de JHC — consolidando-se como figura estadual — ou ficar de fora do núcleo central caso o grupo opte por alianças que priorizem o equilíbrio regional.
O problema é que o “efeito JHC” pode ser tanto centrífugo quanto centrípeto. Ele atrai votos e atenção, mas também pode afastar aliados que veem a empreitada como precoce ou arriscada demais. Lira, por exemplo, é pragmático: joga com quem tem chances reais, não com quem apenas mobiliza holofotes.
No fundo, o dilema é de timing. JHC está diante da escolha entre consolidar o império na capital ou arriscar tudo para tentar conquistar o estado. Se vencer, se torna o maior fenômeno político recente de Alagoas. Se perder, entrega Maceió e recomeça do zero. E nesse jogo, Lira e Gaspar são peças estratégicas — mas não imunes ao xeque.
O tabuleiro está posto, e o relógio já começou a contar.