Por que o governo Dantas/MV não acredita na “candidatura” de JHC ao governo

Nos bastidores da política alagoana, o rumor de que JHC poderia disputar o governo do Estado em 2026 tem causado mais curiosidade que temor. No Palácio República dos Palmares, o núcleo do governo Dantas/MV observa o movimento com cautela — e uma ponta de desconfiança. Não por subestimar o prefeito de Maceió, mas por conhecer a natureza estratégica de suas jogadas.

A verdade é que Paulo Dantas e Marcelo Victor sabem que JHC é um jogador de xadrez político, não de roleta russa. Ele não se lança em aventuras sem garantir o colchão de sustentação. E, neste momento, os cálculos não favorecem uma guinada tão arriscada. A prefeitura de Maceió ainda é seu reduto seguro, sua vitrine e, sobretudo, o instrumento que o mantém em evidência nacional sem o desgaste de um embate direto contra a máquina estadual.

Há quem diga que a “candidatura” de JHC soa mais como um blefe bem orquestrado — uma forma de tensionar o cenário, testar apoios e forçar negociações com grupos que hoje orbitam o poder central. O governo Dantas/MV, por sua vez, enxerga o movimento como ensaio, não como ato principal. Sabe que, se o prefeito realmente quisesse disputar, já estaria montando palanques no interior e selando alianças fora de Maceió.

Outro ponto crucial: JHC ainda precisa resolver o enigma de Gaspar. O vice, que já ensaia voo solo para o Senado, é peça que não se move facilmente. Qualquer ruptura mal conduzida entre ambos enfraqueceria não apenas o projeto estadual, mas o próprio domínio do grupo na capital.

Enquanto isso, Dantas e Marcelo Victor consolidam bases, entregam obras e cultivam apoios. No jogo político, a descrença pode ser também uma estratégia: ao tratar a candidatura de JHC como ficção, o governo o empurra para o papel de espectador — e o desafia a provar o contrário.

No fim das contas, 2026 ainda está em aberto, mas o tabuleiro já tem suas armadilhas montadas. O governo Dantas/MV aposta que JHC não vai além do blefe. Mas em política, até o silêncio pode ser movimento. E JHC, por ora, parece jogar justamente com isso.