A criminalização injusta dos movimentos sociais e o fechar os olhos para grileiros
31/10/2025, 07:08:42Enquanto o MST luta pela democratização do acesso à terra e pela produção de alimentos, os grileiros continuam impunes, revelando uma hipocrisia social que marginaliza quem busca justiça.
No Brasil, certos segmentos sociais enfrentam uma criminalização severa que muitas vezes parece desproporcional e injusta. Um desses grupos é o Movimento Sem Terra (MST), que se dedica à luta pela democratização do acesso a terras improdutivas, permitindo que famílias possam cultivar e produzir. No entanto, essa causa nobre frequentemente se depara com a hostilidade dos chamados "cidadãos de bem", que guardam preconceitos em relação ao movimento e outras minorias, como negros, a população LGBT, mulheres e trabalhadores em geral.
Um questionamento pertinente surge: por que o preconceito voltado ao MST não atinge os grileiros, que se apropriam ilegalmente de terras públicas ou de terceiros, através de falsificações de documentos ou da violência? Enquanto os grileiros invadem terras, promovem desmatamento e instigam a violência, o MST se destaca pela produção responsável de alimentos, como verduras, hortaliças, feijão, leite, frutas, soja, milho, trigo e arroz, sendo inclusive o maior produtor de arroz orgânico da América Latina.
Durante a pandemia, o MST demonstrou seu compromisso social ao doar mais de 4.200 toneladas de alimentos e cerca de 860 mil marmitas para pessoas em situação de vulnerabilidade. Recentemente, o movimento celebrou 40 anos de ocupação em uma fazenda no Rio Grande do Sul, revelando resultados impressionantes: fornecimento de alimentos para a merenda de 220 mil crianças em 52 municípios e 74 escolas, além de abastecer quartéis do Exército e 17 cozinhas solidárias em Porto Alegre.
Além de sua contribuição alimentar, o MST também promove a educação por meio do Instituto Educar, que oferece graduação em Agronomia, e da Escola 29 de Outubro, reconhecida como referência na educação de campo. Essas instituições têm formado gerações de jovens assentados, fortalecendo a capacidade de produção e a consciência agrária.
É importante reconhecer que a ocupação de terras produtivas deve ser combatida, mas quando se coloca em perspectiva a atuação de um órgão que visa fornecer alimentos à mesa do brasileiro — com 70% de sua produção oriunda da agricultura familiar — em contraste com aqueles que promovem a violência e a destruição ambiental, a escolha é clara. A defesa do MST é também a defesa de uma agricultura justa, sustentável e socialmente responsável.