Não permita estranhos em sua casa; o roubado será você
18/10/2025, 16:19:20Quando abrimos a porta sem discernimento, o perigo entra disfarçado de visita.
Há uma lição antiga, mas cada vez mais esquecida: nem todo sorriso é sincero e nem toda visita é bem-intencionada. No mundo atual — onde a confiança se tornou artigo de luxo — permitir estranhos dentro da própria casa – ou cidade – é como deixar o cofre aberto e sair para passear. O ladrão não precisa arrombar a porta; basta ser convidado.
A metáfora se aplica não apenas ao lar físico, mas também ao íntimo da vida: às amizades, à política, à fé e até aos negócios. Quantas vezes abrimos espaço para pessoas que chegam com palavras doces, promessas encantadas e gestos calculados? Elas se apresentam como aliadas, mas logo demonstram que só queriam explorar, manipular ou tirar proveito. E o que fica é o sentimento de ter sido enganado — roubado não de bens, mas de confiança, de paz e, às vezes, de reputação.
Na política, isso é mais comum do que parece. Candidatos se infiltram nas casas e nos corações dos eleitores, vendendo-se como salvadores. São “estranhos” bem vestidos, especialistas em dizer o que o povo quer ouvir. Entram, prometem mundos e fundos, e quando o mandato começa, o roubo se concretiza — não com arma em punho, mas com caneta e conchavos. O eleitor, que abriu a porta e acreditou, percebe tarde demais que o assaltante usava terno.
Proteger a casa, portanto, é um ato de sabedoria. Desconfiar não é falta de bondade, é sinal de maturidade. Há visitas que chegam para somar, mas há também as que vêm apenas para medir o que podem levar. E o que se perde, nesse caso, não é apenas o que está sobre a mesa, mas o que estava guardado no coração.
Antes de abrir a porta — literal ou simbólica — observe o olhar, escute o tom, leia as intenções. Porque o verdadeiro ladrão não arromba a fechadura: ele conquista a confiança.
E quando o estranho se vai, o que sobra é o vazio de quem descobriu, tarde demais, que o roubado foi você eleitor.