Quando se faz mudanças fortes na saúde, sempre há os que não aceitam

Resistir ao novo é instinto humano, mas persistir nas melhorias é dever de quem quer ver o sistema funcionar. Uma nova maternidade só trará avanços.

Quando se faz mudanças fortes na saúde, sempre há os que não aceitam

Toda mudança verdadeira causa desconforto. E quando se trata da saúde pública, onde o velho costume muitas vezes se confunde com privilégio, cada avanço desperta reações contrárias. Melhorar serviços de saúde não é apenas trocar equipamentos ou reformar prédios — é mexer em estruturas, hábitos e interesses. E é justamente aí que surgem os ruídos, as críticas e as resistências.

Quem se propõe a mudar um sistema de saúde enfrenta, inevitavelmente, o desafio de lidar com os que se beneficiavam do caos. Há sempre quem reclame da organização, quem critique a disciplina, quem sinta falta da “bagunça boa” em que tudo se resolvia por amizade, favor ou conveniência. O que antes era tolerado como rotina passa a ser corrigido como falha, e o que parecia normal revela-se ineficiente.

Mas é assim que se constrói um novo tempo na saúde: enfrentando o desconforto inicial. A melhoria dos serviços passa por exigir mais preparo técnico, mais transparência e mais resultados. E nem todos estão dispostos a abrir mão do improviso ou da zona de conforto que o descontrole permite.

É preciso lembrar que, quando um gestor decide mudar a forma de atendimento, informatizar processos, humanizar condutas e cobrar resultados, ele não está fazendo inimigos — está provocando um amadurecimento coletivo. No começo, os que resistem gritam mais alto. Depois, quando os resultados aparecem, o silêncio dos críticos é substituído pelo reconhecimento dos beneficiados.

Mudar na saúde é plantar uma semente que só germina com coragem, persistência e paciência. E quem se mantém firme nas convicções de que o novo é necessário, mesmo diante das críticas, acaba escrevendo uma página de transformação que o tempo se encarrega de validar.

Porque, no fim das contas, toda resistência à mudança é passageira. O que permanece é o resultado — vidas melhor atendidas, profissionais mais valorizados e um sistema que, enfim, funciona.

Creditos: Professor Raul Rodrigues