Estranho: Alfredo Gaspar não vota na PEC da bandidagem, e Fábio Costa – delegado – vota a favor. E aí?
24/09/2025, 08:34:09Dois “homens da lei” em Alagoas adotam caminhos opostos diante da PEC da Bandidagem: Gaspar se ausenta, Costa vota a favor — e ambos colocam em xeque a própria coerência.
A política alagoana segue sendo palco de paradoxos difíceis de explicar. No momento em que o Brasil inteiro acompanha com atenção a votação da chamada PEC da Bandidagem – proposta que busca blindar políticos e anistiar irregularidades cometidas –, dois nomes de peso em Alagoas chamaram atenção pelo contraste de suas atitudes.
De um lado, Alfredo Gaspar, deputado federal e ex-procurador-geral de Justiça, com histórico de enfrentamento ao crime organizado, simplesmente não compareceu à votação. Ausência que pesa mais do que um voto contrário, pois deixa no ar a dúvida: estratégia calculada ou conveniência política?
De outro lado, Fábio Costa, também deputado federal e delegado de polícia, que construiu sua carreira sobre o discurso de combate firme à criminalidade, decidiu votar a favor da PEC. Um gesto que soou como contradição em alto volume: como alguém que empunhou a bandeira da lei e da ordem pode endossar uma proposta que muitos brasileiros chamam, sem rodeios, de "PEC da impunidade"?
A questão que fica é: quem traiu mais a sua própria biografia?
Gaspar, que preferiu não se posicionar em um tema central, escapando do desgaste de votar contra sua base política?
Ou Fábio Costa, que foi direto ao ponto, mas em sentido oposto ao que dele se esperava?
No fundo, esse episódio revela o quanto a política nacional consegue engolir até mesmo os discursos mais sólidos. Ambos se elegeram como símbolos de enfrentamento ao crime, e ambos, de maneiras diferentes, fragilizaram essa narrativa diante da sociedade.
O eleitor, no entanto, não é ingênuo. Ele sabe que a ausência de Gaspar fala tanto quanto o voto de Costa. E é aí que mora a estranheza: em Alagoas, dois “homens da lei” deram sinais de que, quando a lei atinge os de dentro, a coerência fica em segundo plano.
O que será lembrado daqui para frente não é a retórica de campanha, mas o gesto na hora decisiva. Afinal, o que pesa mais: a omissão de Gaspar ou a contradição de Costa?