Bolsonaro: o pêndulo das eleições 2026 – de dentro ou de fora. Mas será de fora mesmo
11/09/2025, 09:14:34Prova disso é o número de políticos que trabalham seu apoio para os vários cargos eletivos.
O jogo político brasileiro já começou a se desenhar para 2026, e, inevitavelmente, a sombra de Jair Bolsonaro paira sobre as articulações. A pergunta que se faz em rodas de análise é se o ex-presidente estará “dentro ou fora” da disputa. Mas, ao observar os desdobramentos jurídicos e políticos, a resposta parece clara: será de fora mesmo.
Bolsonaro não é mais apenas um personagem de narrativa, é um réu em série de processos que o encurralam. A Justiça Eleitoral já o deixou inelegível, e o Supremo Tribunal Federal avança em julgamentos que vão além do campo político, alcançando o penal. Assim, a possibilidade de uma candidatura em 2026 não passa de combustível para manter sua base mobilizada — uma estratégia de sobrevivência que tenta transformar o “não posso” em “estão me impedindo”.
O pêndulo, nesse caso, não está em Bolsonaro, mas no bolsonarismo. Sua força social e eleitoral ainda é expressiva, e a direita brasileira, órfã de um nome competitivo, vive o dilema de herdar o capital político sem a presença do líder original no pleito. De um lado, governadores e senadores ensaiam movimentos para ocupar o espaço deixado pelo capitão; de outro, o próprio Bolsonaro busca manter-se como referência incontornável, mesmo que inelegível.
Esse quadro cria uma situação peculiar: Bolsonaro fora das urnas, mas dentro da pauta. Ele continuará sendo um ator influente, mas não como candidato, e sim como cabo eleitoral, articulador de bastidores e, sobretudo, símbolo para uma fatia radicalizada do eleitorado. O risco para seus aliados é claro: quanto mais dependentes de sua imagem, mais vulneráveis ficam aos reveses judiciais que o atingem.
Em 2026, portanto, o pêndulo não oscilará entre Bolsonaro “de dentro ou de fora”. Ele já está definido: fora. O verdadeiro movimento será observar quem conseguirá captar a energia política deixada por ele — se haverá um herdeiro legítimo ou se a direita caminhará fragmentada, abrindo espaço para outros projetos.
No fim, a ausência de Bolsonaro como candidato não é ausência de Bolsonaro como fenômeno. Sua sombra continuará a pesar sobre a eleição, mas como um fantasma que grita alto, sem poder tocar diretamente as urnas.