Tarcísio declara guerra ao STF e redesenha o tabuleiro da eleição de 2026

Com declaração de guerra de Tarcísio de Freitas ao STF, rumos de 2026 ganham novos contornos.

Tarcísio declara guerra ao STF e redesenha o tabuleiro da eleição de 2026

A política brasileira, que já vive em permanente ebulição, acaba de ganhar um ingrediente explosivo: a declaração de guerra de Tarcísio de Freitas ao Supremo Tribunal Federal. O governador de São Paulo, considerado o principal herdeiro político de Jair Bolsonaro, escolheu mirar o STF em momento estratégico. A postura, de confronto direto, não é apenas uma retórica inflamada: é a tentativa de se firmar como o candidato da direita mais radicalizada nas eleições de 2026.

O embate entre Executivo estadual e Judiciário nacional não é novidade, mas ganha novos contornos quando se trata de Tarcísio, um político que até pouco tempo cultivava a imagem de gestor técnico, mais ligado a resultados do que a bravatas ideológicas. O movimento agora é calculado: abandonar o tom conciliador para encarnar o papel de líder oposicionista contra aquilo que chama de "ativismo judicial".

Essa guinada serve a dois propósitos. Primeiro, galvanizar a base bolsonarista órfã, que vê no STF o inimigo central a ser combatido. Segundo, projetar-se nacionalmente como alternativa viável, unindo a direita fragmentada em torno de um inimigo comum. No entanto, a estratégia é arriscada: confrontar o Supremo pode render aplausos da militância, mas também afastar setores mais moderados do eleitorado, fundamentais para vencer em segundo turno.

Os rumos de 2026, portanto, começam a se redesenhar. Se antes a disputa parecia polarizada entre o campo lulista, com nomes como Fernando Haddad, e uma direita ainda em busca de unidade, agora a equação ganha mais complexidade. Tarcísio, ao adotar discurso de guerra, deixa claro que não pretende ocupar o espaço de centro-direita, mas sim radicalizar para herdar o espólio de Bolsonaro.

A incógnita é como reagirão os demais atores. O STF tende a reforçar sua postura institucional, o que pode alimentar ainda mais o discurso de perseguição usado por Tarcísio. Já o Planalto observa com cautela: o conflito pode favorecer o governo ao desgastar a direita no debate democrático, mas também pode reacender uma narrativa antissistema que, em 2018, foi devastadora para o campo progressista.

O certo é que, com a "declaração de guerra", Tarcísio de Freitas risca o fósforo em um cenário já inflamável. A depender de como o fogo se espalhar, a eleição de 2026 poderá deixar de ser apenas uma disputa entre projetos de governo para se transformar em um plebiscito sobre a democracia e os limites institucionais do país.

Creditos: Professor Raul Rodrigues