Do grito do Ipiranga ao silêncio diante das tarifas americanas

Segundo os maiores especialista do mundo em situações análogas, conluio entre os afetados é a melhor resposta.

Do grito do Ipiranga ao silêncio diante das tarifas americanas

A Independência do Brasil, celebrada em 7 de setembro, sempre foi marcada como um grito de autonomia contra a submissão externa. Em 1822, D. Pedro I proclamou o rompimento com Portugal, não apenas para simbolizar liberdade política, mas também para abrir caminho à construção de uma nação capaz de decidir seus próprios rumos. Porém, mais de dois séculos depois, ainda nos deparamos com dilemas que lembram velhos grilhões: a dependência econômica e a vulnerabilidade frente às grandes potências.

O anúncio recente do tarifaço dos Estados Unidos, com sobretaxas sobre produtos brasileiros, revela como a independência formal não nos blindou das amarras do comércio internacional. Ontem, o Brasil lutava contra o monopólio português; hoje, enfrenta barreiras impostas pelo maior mercado do mundo. A lógica é semelhante: restringir, conter, dificultar a competitividade brasileira.

Se antes o ouro de Minas Gerais cruzava o Atlântico para engordar cofres estrangeiros, agora o aço, o alumínio, o etanol ou até produtos agrícolas sofrem restrições que limitam nossa capacidade de expandir mercados e gerar empregos. A diferença é que, em vez de gritos às margens do Ipiranga, o que se exige são estratégias de diplomacia, inovação e firmeza política.

A independência, portanto, não pode ser lembrada apenas como ato histórico e protocolar. É preciso entendê-la como desafio permanente: ser independente não significa apenas não ter colonizador, mas também não aceitar ser refém de tarifas, sanções e medidas protecionistas que sufocam nossa produção.

O tarifaço dos EUA nos lembra que a verdadeira independência não está apenas no hino e na bandeira, mas na capacidade de defender o interesse nacional diante dos novos impérios — os econômicos, que ditam regras conforme suas conveniências. Talvez, em pleno século XXI, o brado retumbante seja menos romântico, mas igualmente urgente: o Brasil só será de fato independente quando souber se impor no tabuleiro global sem se curvar ao peso de tarifas estrangeiras.

Creditos: Professor Raul Rodrigues