Seria resquício do machismo a renúncia da presidente do CSA?
02/09/2025, 19:45:26A pergunta do título do artigo ainda não tem resposta concreta, mas Mirian Monte, logo saberá o que de fato acontceu.
A recente renúncia da presidente do CSA reacende um debate necessário: até que ponto o machismo ainda molda o ambiente esportivo, especialmente no futebol? Um espaço historicamente masculinizado, marcado por símbolos de virilidade e resistência a mudanças, parece não se adaptar bem à presença feminina em postos de comando.
Quando uma mulher ocupa um cargo de liderança em um clube tradicional, a expectativa quase sempre é de teste de fogo. Diferentemente dos homens, que carregam uma margem maior de tolerância aos erros, elas precisam provar competência dobrada. Um tropeço administrativo ou esportivo se transforma rapidamente em sentença definitiva: “não deu certo porque é mulher”. Essa lógica perversa cria um ambiente hostil e, muitas vezes, insustentável.
É preciso analisar se a renúncia da dirigente foi fruto apenas das dificuldades inerentes à gestão do futebol — como dívidas, pressões políticas e resultados em campo — ou se a cobrança e a falta de apoio foram agravadas pelo simples fato de ser mulher. O machismo, nesses casos, não se apresenta apenas em insultos diretos, mas também em olhares enviesados, falta de confiança e em conselhos que nunca seriam dados a um homem.
O CSA, assim como tantos clubes brasileiros, carrega em sua história a força de sua torcida, mas também o peso de práticas conservadoras que resistem a aceitar que o futebol é espaço de todos. A saída de uma presidente mulher deveria ser vista não como falha pessoal, mas como sintoma de um sistema que ainda não consegue acolher a diversidade.
Mais do que levantar o questionamento sobre o machismo, é necessário pensar no futuro: quando outra mulher assumir a gestão de um clube de massa, será que encontrará ambiente mais maduro, menos preconceituoso e mais aberto ao mérito do que ao gênero? O futebol, paixão nacional, só terá a grandeza que prega quando aprender a respeitar plenamente quem tem coragem de comandá-lo, independentemente de ser homem ou mulher.