Carretas ligadas ao PCC saem de posto na Bahia

Carretas ligadas ao PCC saem de posto na Bahia

Carretas de empresas investigadas deixam posto em Camaçari

Treze carretas pertencentes a empresas investigadas por suspeita de participação em um esquema bilionário ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) começaram a deixar um posto de combustível em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, na manhã desta terça-feira. Inicialmente, 22 caminhões estavam estacionados no local desde a última sexta-feira, e apenas nove permaneciam no posto até a manhã de hoje.

As transportadoras apontadas na investigação são a G8Log e a Moskal Log, empresas que, segundo autoridades, estariam ligadas a dois empresários considerados os principais alvos da operação. As suspeitas envolvem adulteração de combustíveis, movimentação financeira irregular e uso de estruturas de fachada para lavagem de dinheiro.

O que se sabe sobre as empresas e os veículos

Os caminhões ficaram estacionados às margens da BA-535, e motoristas disseram à emissora local que haviam descarregado um produto em uma indústria da região, sem especificar o composto. Reportagens jornalísticas indicaram que carretas das mesmas empresas foram flagradas transportando metanol, uma substância com uso industrial que pode ser empregada na adulteração de gasolina e etanol, trazendo riscos à saúde e ao funcionamento dos veículos.

A Polícia Federal (PF) conversou com motoristas na sexta-feira e coletou dados, sem identificar irregularidades naquele momento. Já a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que fiscais foram ao local para coletar informações e que houve alinhamento com a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) e com autoridades da Operação Carbono Oculto.

Entenda o esquema investigado

Segundo as investigações conduzidas por órgãos como o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o Ministério Público de São Paulo e a Receita Federal, dois empresários ligados às transportadoras — Mohamad Hussein Mourad, conhecido como "Primo", e Roberto Augusto Leme da Silva, apelidado de "Beto Louco" — estão foragidos e apontados como líderes de uma organização complexa.

A apuração aponta que o grupo controlava uma extensa rede que envolvia cerca de 1,2 mil postos de combustíveis, usinas de etanol, distribuidoras, transportadoras e fintechs para movimentar valores e ocultar a origem dos recursos. A investigação descreve um esquema que teria início no Porto de Paranaguá (PR), com importação clandestina de insumos como metanol e nafta, além de desvios de produtos químicos de indústrias para uso na adulteração de combustíveis.

Como a lavagem de dinheiro ocorria

Para dissimular a origem dos recursos e sustentar a operação, a quadrilha teria realizado aquisições e transações financeiras envolvendo empresas com pouca atividade formal, usinas de etanol endividadas e estabelecimentos comerciais que funcionavam apenas como fachadas. Em alguns casos, usinas foram compradas por valores muito acima do mercado, levantando suspeitas de tentativa de justificar grandes transferências financeiras.

Relatos do processo investigativo indicam que parte do fluxo financeiro foi repassada a terceiros, incluindo o empresário Rafael Renard Gineste, preso em Santa Catarina quando tentava fugir de lancha. Além disso, a organização usava postos de gasolina e até padarias para dar aparência de legalidade às operações, frequentemente utilizando empresas com nomes semelhantes e pessoas de fachada, conhecidas como "laranjas", para dificultar a rastreabilidade dos recursos.

Medidas das autoridades

A operação que motivou a investigação foi deflagrada na última quinta-feira por forças-tarefa que reuniram órgãos estaduais e federais. A ação incluiu busca e apreensão, quebras de sigilo e diligências em locais relacionados às empresas e aos empresários apontados. As apurações continuam em diferentes estados, dada a amplitude das suspeitas e a abrangência da rede investigada.

  • Coleta de dados: autoridades fiscalizaram documentações e trajetos das carretas.
  • Perícia: análise de possíveis resíduos e produtos transportados para identificar composição química.
  • Rastreamento financeiro: investigação de fluxos bancários e operações por fintechs e fundos de investimento.

Impactos e riscos

A adulteração de combustíveis representa riscos duplos: risco à saúde pública, quando substâncias tóxicas como o metanol entram na cadeia de consumo, e risco ao patrimônio, com prejuízos mecânicos a veículos e equipamentos que utilizam gasolina e etanol adulterados. Do ponto de vista econômico e regulatório, a existência de um esquema dessa natureza compromete a confiança no mercado de combustíveis e acende alertas sobre controles aduaneiros e fiscais em portos e pontos de distribuição.

Para consumidores e proprietários de frotas, a recomendação é наблюrar sinais de qualidade do combustível e, em caso de suspeitas de adulteração, acionar órgãos de defesa do consumidor e registrar ocorrências para que unidades fiscalizadoras possam atuar.

O que vem pela frente

Com os empresários foragidos e a malha investigativa sendo desfiada, as próximas etapas envolvem aprofundar perícias, localizar transações suspeitas e identificar a extensão das empresas de fachada. A articulação entre agências federais, estaduais e autoridades locais é essencial para desmontar cadeias de lavagem que utilizam serviços financeiros modernos e estruturas empresariais complexas.

Essa investigação também deve orientar novas medidas de fiscalização em pontos estratégicos, como portos e centros de distribuição, além de reforçar a necessidade de integração de dados entre órgãos reguladores para detectar movimentações atípicas em tempo hábil.

Conclusão

O deslocamento das carretas de Camaçari chama atenção para a dimensão do caso e para a necessidade de transparência nas diligências. Enquanto as autoridades aprofundam as apurações, a sociedade acompanha o desdobramento de um esquema que, segundo as investigações, mobilizou uma vasta rede de empresas e recursos.

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