Acordo com Hugo Motta em meio à tensão política
17/08/2025, 11:31:46O Momento Tenso da Política Brasileira
No momento mais tenso da história recente, o presidente da Câmara vê seu prestígio minguar. Quem acompanha os humores de Brasília afirma que há muito tempo a capital da República não vive um momento tão desafiador. Todo dia surge um fato novo que, ao invés de ajudar a desanuviar o ambiente, torna ainda mais carregado o clima seco do Planalto Central.
A semana passada terminou com a notícia de que a tensão entre os Estados Unidos e o Brasil ganhou novos ingredientes ideológicos, que sequer apareciam no radar anteriormente. Até a semana passada, os pontos de tensão entre os dois países se apoiavam no tratamento dado pela Justiça brasileira ao ex-presidente Jair Bolsonaro, usado como justificativa para as tarifas de 50% impostas aos produtos nacionais. Um novo ingrediente veio à cena e resultou no cancelamento dos vistos de entrada nos Estados Unidos da mulher e da filha do ministro da Saúde Alexandre Padilha, enquanto o visto do ministro não foi cancelado porque estava vencido desde o ano passado.
Novos Desafios para o Ministro Padilha
A explicação foi o papel de Padilha, que comandou a Saúde no governo Dilma Rousseff e ajudou a implementar o programa Mais Médicos, que enviava profissionais de saúde da Cuba para trabalhar no Brasil, com salários que eram apenas uma fração do que Brasília mandava para a ditadura cubana. Na visão do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, o programa faz parte do “esquema de exploração de trabalho forçado do governo cubano”.
A decisão do governo americano é apenas um ingrediente a mais em uma disputa que está em seus momentos iniciais, e novas medidas surpreendentes não devem ser descartadas.
Tensão entre os Poderes
O julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do processo que deve resultar em uma pena exemplar a Bolsonaro está marcado para setembro. Visto com simpatia pelo Executivo, a expectativa em torno do julgamento tem alimentado um clima de tensão que, até onde a memória alcança, só se compara ao ambiente carregado que tomou conta de Brasília na semana da votação da Emenda Dante de Oliveira, em abril de 1984.
Nessa época, líderes do Legislativo desafiaram a pressão do Executivo e tomaram para si a responsabilidade de conduzir o processo de redemocratização. Porém, a crise atual encontra parlamentares que, com honrosas exceções, parecem mais preocupados em executar emendas do que em adotar uma postura institucional de resistência aos dois outros poderes.
A Trajetória de Hugo Motta
É lamentável que o deputado Hugo Motta (Rep./PB) tenha levado tão pouco tempo para contrariar as expectativas positivas criadas em torno de sua eleição para a presidência da Câmara. Com apenas 35 anos, Motta é um político jovem e, ao mesmo tempo, veterano, chegando à Câmara pela primeira vez com 21 anos e cumprindo seu quarto mandato. Em fevereiro passado, foi eleito para a presidência com votos suficientes para assumir um cargo crucial na linha de sucessão do presidente da República.
No entanto, sua postura em relação aos compromissos assumidos durante a campanha, especialmente com a maior bancada da Casa, resultou em uma deterioração do seu prestígio. Ao não atender a demandas cruciais, a relação entre Motta e os deputados da oposição começa a se tornar mais dramática.
Consequências da Falta de Ação
Um exemplo recente disso foi a ocupação da Mesa Diretora por deputados da oposição, vinculada ao clima tenso desencadeado pela ordem de prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. A situação acabou não sendo resolvida por Motta, mas sim por seu antecessor, Arthur Lira, que negociou a saída da ocupação em troca de promessas de votação de temas de interesse da oposição.
A falta de autoridade de Hugo Motta torna-se evidente quando ele busca reafirmar seu controle, desautorizando as negociações feitas por Lira e ingrando um clima de punição aos envolvidos na ocupação.
Desafios Futuros
A situação atual no Congresso, esvaziado em sua capacidade de diálogo e ação, gera incertezas sobre como o Legislativo poderá responder às exigências da sociedade e ao clima de repressão visto como autoritário. As consequências de suas escolhas seguirão reverberando não apenas na política interna, mas também nas relações do Brasil com o mundo.
É fundamental que novos líderes surjam e que a Câmara adote uma postura que promova a harmonia e a independência necessária para um ambiente político saudável. Motta possui a oportunidade de conduzir-se por esse caminho desafiador, mas as expectativas em relação a ele permanecem elevadas. Como diria a velha máxima, o tempo é o melhor juiz no desenrolar dessa história.