Tarifaço de Trump pode afetar empregos em pequenas empresas

Tarifaço de Trump pode afetar empregos em pequenas empresas

O impacto do tarifaço de Trump

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, expressou preocupação com os possíveis cortes de empregos que o tarifaço determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode causar ao Brasil. As declarações foram feitas durante o programa Roda Viva, da TV Cultura.

As novos impostos entrariam em vigor no primeiro dia de agosto, porém, a implementação foi adiada para a próxima quinta-feira (07).

Setores em alerta

Alban foi questionado pela jornalista Juliana Rosa, do Grupo Bandeirantes, sobre os produtos que ficaram de fora da lista de exceções e que serão afetados pela taxação. Segundo o presidente da CNI, há preocupação em setores como calçados, frutas, pescados e produção de mel.

Ele afirmou: "Nossa preocupação número um, dentre tantas outras nesse momento com relação às tarifas, são justamente as pequenas e as médias indústrias. Necessariamente não significa que são só as indústrias que exportam. Podem ser aquelas que fornecem insumos para as empresas que exportam. Então, é um universo relativamente considerável. E nós não podemos esquecer a máxima que existe em qualquer economia, não é só no Brasil: as pequenas e as médias empresas, que normalmente representam 20% da economia, representam 80% da entregabilidade. Então, nós estamos falando da entregabilidade, de efeitos sociais e efeitos econômicos. Essa é a prioridade número um."

Ações da CNI

Alban revelou que a CNI está buscando aumentar o número de exceções de empresas prejudicadas ou até mesmo anular a classificação do 'nível' da tarifa. Ele afirmou: "Definitivamente, isso não é uma tarifa."

Sobre os setores mais afetados, mencionou a diversidade da indústria brasileira, com exemplos de empresas de norte a sul do país. "Existe uma infinidade de indústrias no sul do país, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que fabricam aqueles perfis de madeira, molduras de madeira, porque a indústria americana da construção civil produz muitas casas a base de madeira. Nós temos no Nordeste do Brasil, no Ceará, por exemplo, uma quantidade de pescado muito grande, de várias famílias que estão nos barcos, para vender pescado. Nós temos frutas, a Bahia tem frutas de manga. Então, nós temos uma diversidade muito grande. Existe uma empresa no Rio Grande do Norte que fabrica balas e confeitos, quase toda sua produção para os Estados Unidos."

Pontos de atenção e medidas emergenciais

Alban foi questionado por Thais Herédia, da CNN, sobre quais são, de fato, as prioridades de medidas emergenciais do setor, já que há uma percepção de que as ações divulgadas até o momento são muito genéricas.

Ele indicou que existem 39 medidas em estudo, classificadas entre aquelas que possuem e as que não têm impacto fiscal. Destas, oito foram selecionadas, divididas igualmente entre as de impacto e as de não impacto, segundo Alban.

O mais relevante a considerar é a questão do Adiantamento sobre contrato de câmbio (ACC). Essa modalidade permite que a instituição financeira antecipe ao exportador o valor parcial ou total em reais de um contrato, antes do embarque da mercadoria ou da prestação do serviço.

Alban mencionou que fez um pedido ao governo para dobrar o prazo entre o início da operação de adiantamento e o fechamento, que atualmente é de 750 dias. Outra solicitação foi de estender a todas as empresas as regras do programa Reintegra, que até então eram válidas apenas para as optantes do Simples. Este programa permite que micro e pequenas empresas recebam, total ou parcialmente, resíduos tributários da produção de bens exportados.