O sistema Mão Morta da Rússia que assustou Trump

O sistema Mão Morta da Rússia que assustou Trump

Nesta semana, as potências bélicas dos Estados Unidos e da Rússia voltaram a se estranhar, trocando ameaças mútuas que incluíam até artefatos nucleares. O episódio começou após o ex-presidente russo Dimitry Medvedev lembrar o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o sistema "Mão Morta", que possui alto poder de destruição. Após essa declaração, Trump posicionou submarinos nucleares perto da costa russa.

“Com base nas declarações altamente provocativas do porta-voz russo Dmitry Medvedev, ordenei que dois submarinos nucleares fossem posicionados nas regiões adequadas, caso essas declarações tolas e inflamatórias sejam mais do que apenas palavras”, escreveu Trump em sua rede social Truth Social.

“Palavras são muito importantes e podem levar a consequências não intencionais. Espero que esse não seja o caso.”

A escalada verbal teve início horas antes, quando Trump publicou uma mensagem à meia-noite dizendo que Medvedev deveria “cuidar das palavras”. Em resposta, o ex-presidente russo lembrou ao republicano das capacidades nucleares herdadas da antiga União Soviética.

O que é o sistema bélico que pôs "medo" em Trump?

Durante a Guerra Fria, a União Soviética desenvolveu um sistema conhecido como Perimeter, apelidado no Ocidente de “Mão Morta” (Dead Hand). O objetivo desse mecanismo era garantir uma retaliação nuclear automática caso um ataque inimigo destruísse toda a cadeia de comando do país. As informações são do site Military.com.

O funcionamento do sistema é baseado em sensores que monitoram diversos indicadores de ataque nuclear: níveis de radiação, comunicações militares, pressão atmosférica, calor e atividade sísmica. Se essas medições apontarem que o país sofreu um ataque devastador, o Perimeter pode iniciar de forma autônoma o processo de lançamento de mísseis nucleares.

A etapa decisiva envolve o disparo de um foguete de comando equipado com uma ogiva especial que emite sinais de rádio por todo o território russo. Esses sinais ordenam que os silos e plataformas de lançamento executem imediatamente o disparo de mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) e demais armas nucleares, mesmo que haja bloqueio ou destruição dos canais de comunicação tradicionais.

O sistema entrou oficialmente em operação em 1985, embora sua existência não tenha sido confirmada pelo governo soviético na época. Somente em 2011, o general Sergey Karakaev, das Forças de Mísseis Estratégicos da Rússia, confirmou publicamente que o Perimeter estava ativo, afirmando que poderia garantir uma resposta nuclear em cerca de 30 minutos.

Atualmente, estima-se que a Rússia possua cerca de 1.600 armas nucleares táticas e cerca de 2.400 ogivas estratégicas associadas a mísseis balísticos. Todo esse arsenal pode, em teoria, ser ativado pelo Perimeter caso seja detectado um ataque nuclear de grandes proporções.

Diferentemente da Rússia, os Estados Unidos não possuem um sistema automático para disparo nuclear. Em vez disso, a doutrina americana garante que autoridades com capacidade de ordenar um contra-ataque sobrevivam ao primeiro ataque.

Especialistas apontam que o Perimeter permanece ativo e teria recebido atualizações, incluindo integração com novos sistemas de radar e mísseis hipersônicos. Recentemente, quando o presidente Vladimir Putin colocou as forças nucleares russas em alerta, aumentaram as discussões sobre os riscos que um sistema como a Mão Morta representa no contexto atual.