Tragédia da TAM 3054 completa 18 anos e ainda dói

Tragédia da TAM 3054 completa 18 anos e ainda dói

Um fim trágico em um dia chuvoso


Era o fim de uma tarde chuvosa em São Paulo, no dia 17 de julho de 2007, quando o voo 3054 da TAM se preparava para pousar no Aeroporto de Congonhas. O Airbus A320 havia partido de Porto Alegre com 187 pessoas a bordo. O que deveria ser um pouso rotineiro transformou-se, em segundos, no maior desastre aéreo da história do Brasil.

Detalhes do acidente aéreo


Ao tocar o solo na pista 35L, que havia sido recentemente reformada, mas ainda sem os sulcos que evitam aquaplanagem, o avião não desacelerou como deveria. Um erro na configuração das manetes (uma delas permaneceu na posição de aceleração, como se o avião ainda estivesse em voo) confundiu o sistema de frenagem automático. A aeronave atravessou o fim da pista, passou por uma avenida movimentada e explodiu ao colidir com um prédio da própria companhia e um posto de combustível.

Vítimas e consequências


Das 199 vítimas fatais, 187 estavam a bordo; outras 12 morreram no solo. Vinte e sete pessoas ficaram feridas. As investigações conduzidas pelo CENIPA identificaram falhas humanas, deficiências na formação de pilotos, omissões nos sistemas de alerta da aeronave e negligência na infraestrutura do aeroporto. O relatório final apontou 53 fatores contribuintes para a tragédia.

A busca por justiça


Nenhum dos 11 acusados, entre autoridades da aviação, executivos da TAM e engenheiros, foi condenado judicialmente. Em 2017, a Airbus, fabricante do avião, fechou um acordo extrajudicial de R$ 30 milhões com parentes de 33 vítimas. Contudo, outras ações (contra seguradoras e por danos morais e materiais) seguem em trâmite na Justiça. Algumas foram reavaliadas pelo Superior Tribunal de Justiça, que limitou valores de indenização por dano moral a R$ 300 mil por autor.

Mudanças na aviação brasileira


O acidente também provocou mudanças significativas na aviação brasileira. Mais de 80 recomendações foram implementadas: pistas de pouso passaram a ter áreas de escape, sistemas de alerta nas cabines foram aprimorados, e a capacitação de pilotos passou a seguir padrões mais rigorosos. Dezoito anos depois, o desastre ainda reverbera.

A memória do desastre


A dor dos familiares permanece viva, agora reacendida por uma nova geração que conhece o episódio através de documentários como A Tragedy Foretold: Flight 3054, lançado em abril pela Netflix. A produção entrevista sobreviventes, parentes das vítimas e especialistas para reconstruir o dia em que o Brasil parou diante da tela da TV, acompanhando o rastro de fogo e fumaça que engoliu uma das áreas mais movimentadas da capital paulista.

A luta por indenizações


Apesar das promessas de reparação, parte das indenizações continua em disputa. A TAM, atualmente LATAM, já compensou financeiramente a maioria dos familiares. A pista de Congonhas, epicentro da tragédia, recebeu melhorias e novos protocolos de segurança. Hoje, às margens da Avenida Washington Luís, onde os destroços da aeronave se espalharam, um memorial reúne flores, nomes gravados e homenagens silenciosas. Para os familiares, no entanto, a memória é um fardo diário.