Jacozinho e a histórica festa da volta de Zico

Jacozinho e a histórica festa da volta de Zico

Ex-atacante do CSA balançou a rede no Maracanã com passe de Maradona e conta essa história até hoje

Conheça a história de Jacozinho, figura do futebol brasileiro na década de 1980. Há exatos 40 anos, um atacante arisco do CSA, até então desconhecido por muita gente pelo Brasil, roubou a cena na festa da volta de Zico ao futebol brasileiro, no Maracanã. Até hoje, ele conta essa história e ainda lembra causos que cercaram essa partida.

No dia 12 de julho de 1985, Jacozinho participou do jogo por insistência do jornalista Márcio Canuto, que arrumou um jeito de colocá-lo no meio das feras. Jacó, não mais que de repente, estava no vestiário ao lado de Maradona, Falcão, Júnior, Telê Santana, e não se intimidou. Neste sábado, o ex-atacante e ídolo do CSA conversou com o ge e, em tom de nostalgia, recordou o feito que mudou a sua história profissional.

- É isso, amigos! Quarenta anos se passaram e aquele foi um dia que Deus guardou pra mim, pra me dar esse presente. Foi muita correria, muita gente falava que não ia dar certo, mas, primeiramente, Deus... Depois, foi meu paizão, Márcio Canuto. Ele que tramou tudo, todas as coisas, ele que fez tudo pra eu ter esse dia de vitória. Quem diria que Jacozinho, vindo de Maceió, iria estar no Maracanã lotado, com 120 mil pessoas, e o povo gritando "Jacozinho, Jacozinho..." - lembrou Jacó, continuando:

- Foi uma vitória grande, esmagadora, do povo nordestino porque muitos lá do Sul não acreditam que eu ia conseguir entrar lá naquela festa. E eu entrei e fiz um golaço, golaço com passe de Maradona. Olha as cobras que tinham lá: Maradona, Passarela, Nardela, Falcão, Toninho Cerezo, meu amigo Júnior Capacete, que me deu muita moral, Paulo Vitor, Branco e outros e outros que seguraram pra mim.

Jacozinho recebeu passe de Maradona e marcou um golaço no Maracanã.

Jacó revelou até uma brincadeira que tirou com o técnico Telê Santana, no momento em que foi chamado para entrar em campo.

- Lembro bem que quando fui entrar, a torcida, antes, começou a gritar "Jacozinho, Jacozinho", aos 20 minutos do segundo tempo. O Telê me chamou e, nessa hora, eu estava com as pernas tremendo, muito nervoso. Aí, ele falou assim: "Jacozinho, você está nervoso?" Eu falei não. Aí ele perguntou: "Por que tá tremendo tanto?" E eu respondi: "O Senhor falou que eu estou nervoso, mas não estou não. É porque no Nordeste a gente aquece assim, balançando as pernas." E ele morreu de rir, ficou dando risadas e depois mandou eu entrar no lugar do Falcão.

Jacozinho cantou até uma música sobre o estrago que fez na partida.

- Márcio Canuto me levou pra lá, um repórter me perguntou se eu estava com medo de entrar no jogo, eu falei que não, que, pra mim, era normal, como se fosse um jogo qualquer. Aí eles tiraram uma onda: Jacozinho entrar nessa festa pra ele é nada, mas vamos ver agora. O Falcão falou também... E graças a Deus nós entramos e fizemos aquele golaço que fizemos. Tem até uma música que fala assim: Maradona lançou, Jacozinho partiu, Figueiredo ficou, Cantarelli caiu e a torcida gritou é gol, é gol de Jacozinho. É gol é gol, é gol de Jacozinho. Foi assim que a torcida gritou.

O ex-ponta direita disse como encarou aquela oportunidade no meio dos craques. "Mostrei ao povo brasileiro que no Norte e Nordeste também tem jogadores de futebol à altura dos times do Sul."

- Foi uma chance que eu não podia perder. E o que aconteceu: eu cheguei lá, fui pra cabine da Globo, era um jogo Vasco e Bangu, e o José Carlos Araújo (narrador) perguntou qual era o time que eu torcia no Rio e eu falei que era o Vasco, porque não tinha torcida nenhuma do Bangu. E aí a torcida foi toda lá pra cabine e ele falou você é esperto hein, Jacó? É por isso que você está aqui hoje. E por isso aconteceu tudo aquilo que nós sabemos: festa de Zico, a torcida gritando "Jacozinho", Maradona foi lá, enfiou aquela bola, eu fiz o golaço e, graças a Deus, até hoje o povo comemora aquele gol.

Jacozinho também comentou como foi a repercussão após a partida.

- Depois do jogo, fui o melhor jogador em campo, recebi vários troféus, essas coisas todas, e depois fomos pro hotel e fomos convidados pra festa de Zico, coquetel e tal. Depois, a revista Placar veio pra cá e passou três dias aqui comigo gravando, fotografando, foi a edição do mês de julho, a matéria saiu em três páginas e eu me tornei uma pessoa reconhecida nacionalmente. Depois, eu me tornei um jogador conhecido no mundo inteiro, as matérias saíram pro mundo todo e fiquei conhecido. Por onde eu vou, tem um Jacozinho por intermédio daquele jogo.

Em 2016, Zico visitou Maceió e participou de um jogo beneficente no Estádio Rei Pelé ao lado de Jacó para lembrar a história do Maracanã.