OTAN aumenta gastos militares para 5% do PIB

OTAN aumenta gastos militares para 5% do PIB

OTAN eleva meta de gastos militares


A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciou nesta semana um novo patamar de investimentos em defesa, elevando a meta mínima de gastos para 5% do PIB (Produto Interno Bruto) dos países-membros. A nova diretriz foi formalizada durante a cúpula da aliança realizada em Haia, na Holanda.

Dos 5%, 3,5% devem ser destinados a despesas militares diretas, e 1,5% à infraestrutura de segurança, como estradas, portos e proteção cibernética.

Segundo o secretário-geral Mark Rutte, a mudança representa um "salto gigantesco" em relação à meta anterior de 2%, estabelecida em 2014. "Caso a Rússia nos ataque hoje, nossa resposta seria devastadora", declarou o secretário.

Em 2025, 23 dos 32 integrantes da OTAN já atingiram ou superaram os 2%, contra apenas três países em 2014, ano da anexação da Crimeia pela Rússia. A Alemanha projeta alcançar 3,5% até 2029, enquanto a Polônia já destina 4,7% do PIB e pretende formar o maior exército da Europa.

O anúncio ocorre em meio à escalada de tensões com a Rússia, que, segundo Rutte, prepara-se para um confronto prolongado com a aliança. O secretário-geral destacou que Moscou destina entre 6,3% e 7% do PIB à defesa e segurança interna, o equivalente a cerca de 40% do orçamento federal russo.

Entre os investimentos anunciados pela OTAN estão um aumento de 400% em defesa aérea, expansão de 50% das forças terrestres de reação rápida e reforço das capacidades cibernéticas e espaciais.

O novo plano foi pressionado por exigências do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que reassumiu o cargo em 2025. Ele afirmou que 5% é o mínimo aceitável e ameaçou não garantir a defesa de países que não cumprirem a meta.

Durante a cúpula, a Espanha foi o principal país a resistir à proposta. O presidente Pedro Sánchez qualificou a meta como "irracional" e conseguiu um acordo para adotar compromissos diferenciados. A Eslováquia também anunciou que ajustará seu orçamento em ritmo próprio.

Rutte afirmou que, se houver um ataque russo à OTAN, a resposta será "devastadora". Ele citou dados sobre a produção militar russa — 1.500 tanques, 3.000 veículos blindados e 200 mísseis Iskander por ano — e destacou que a capacidade de munição do país é três vezes maior que a da aliança.

A OTAN vem realizando exercícios militares em larga escala, como o Steadfast Defender 2024, que mobilizou 90 mil tropas para testar a capacidade de defesa no flanco oriental. A adesão da Finlândia e da Suécia fortaleceu a presença no Mar Báltico, agora apelidado de "Mar da OTAN". Em resposta, a Rússia anunciou planos para dobrar seu contingente militar na fronteira com a Finlândia e os países bálticos. O presidente Vladimir Putin acusou a aliança de iniciar uma nova corrida armamentista e de utilizar a Ucrânia como pretexto para militarizar a Europa.

O aumento dos investimentos em defesa teve impacto direto na indústria armamentista europeia, com alta de 44% nas ações de 600 empresas do setor nos últimos 12 meses. A União Europeia anunciou um plano de € 5 trilhões para fortalecer sua base industrial de defesa nos próximos anos. Segundo estimativas da OTAN, sem o apoio dos Estados Unidos, o custo para a Europa manter sua própria defesa diante de uma ameaça russa pode chegar a US$ 1 trilhão.