Lindbergh entrega documentos à PF sobre Eduardo Bolsonaro
03/06/2025, 14:42:52
O parlamentar entregou à Polícia Federal documentos e mais de 600 manifestações do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou nesta segunda-feira (2) que entregou à Polícia Federal documentos e mais de 600 manifestações do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que, segundo o petista, caracterizariam vários crimes, como coação, obstrução de Justiça e atentado violento contra o Estado democrático e Direito.
Lindbergh foi autor do pedido que resultou na abertura de investigação, na semana passada, sobre a atuação no exterior do filho 03 de Jair Bolsonaro. A Polícia Federal apura a articulação feita por Eduardo nos Estados Unidos para que haja sanção ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A ordem de abertura da investigação partiu do próprio Moraes.
O deputado petista disse que a situação é muito grave e que "estamos caminhando para uma crise diplomática seríssima".
"Não tem como o governo brasileiro ficar de braços cruzados se houver uma retaliação contra o ministro do Supremo, em cima de uma lei que é usada contra ditaduras, com discurso falso, que aqui é uma ditadura. Isso vai ter consequências aqui no Brasil."
Ele ainda disse que "o Itamaraty tem que trabalhar porque as consequências, na hipótese de haver uma sanção" serão muito ruins para o Brasil.
"Vai ter que ter uma reação. Porque não existe isso. Imagina se o ministro Alexandre Moraes sofrer uma sanção como essa, que pode bloquear cartões de crédito, contas pessoais. Eu acho que o Brasil e Itamaraty têm que se movimentar antecipadamente", afirmou.
O deputado do PT também afirmou que Eduardo está atrapalhando a investigação, o que é "um crime continuado", já que depois do 8 de Janeiro, "eles continuam atacando as instituições".
"Na nossa avaliação, a conduta de Eduardo Bolsonaro ainda é a mesma. Qual a diferença do que Eduardo Bolsonaro faz com um daqueles golpistas que depredou o Supremo? É uma depredação simbólica do Supremo. Uma articulação internacional para sancionar ministro do Supremo, procurador-geral, delegados da Polícia Federal. É isso que está sendo feito."
O parlamentar afirmou que quis mostrar aos investigadores "o nexo de causalidade entre as movimentações dele e vários fatos que aconteceram depois". E disse também que fez um pedido cautelar de bloqueio dos bens de Bolsonaro -o ex-presidente já afirmou que ajuda a manter o filho nos Estados Unidos.
"Na nossa avaliação, o Eduardo Bolsonaro, quando a gente fala em coação no curso do processo, quer proteger o pai dele e os envolvidos na trama golpista. É uma forma de manutenção dessa organização criminosa, fora do país", disse o líder do PT.
Ao defender a investigação junto ao STF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o filho do ex-presidente Bolsonaro pode ter cometido os crimes ao atuar, nos Estados Unidos, junto a autoridades estrangeiras, contra "integrantes do Supremo Tribunal Federal, da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal".
O chefe da PGR mencionou a ofensiva de Eduardo para que o governo Donald Trump aplique sanções contra Moraes.
O ministro acatou o pedido de Gonet na semana passada e determinou a abertura do inquérito com o objetivo de apurar os supostos crimes de coação, obstrução de investigação e abolição violenta do Estado democrático de Direito. O depoimento de Jair Bolsonaro está previsto para quinta-feira (5).