Gêmeas siamesas no Goiás passam por cirurgia de separação

Internação das gêmeas siamesas

As gêmeas siamesas Kiraz e Aruna, com apenas um ano e seis meses, são naturais do interior de São Paulo e foram internadas no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) na manhã de quarta-feira (7). Elas passarão pela cirurgia de separação no próximo sábado (10), após mais de um ano de cuidadoso planejamento.

As irmãs possuem órgãos vitais compartilhados, incluindo fígado, intestino, genitália, ânus, tórax, abdômen e bacia. A antecipação da internação é fundamental para assegurar que o pré-operatório seja realizado de maneira segura e completa. Durante o período que antecede a cirurgia, as gêmeas estão seguindo um rigoroso protocolo de preparo intestinal, uma etapa essencial do processo.

Complexidade do procedimento

Desde os primeiros meses de vida, as meninas têm sido acompanhadas pelo Dr. Zacharias Calil, cirurgião pediátrico do Hecad e referência nacional na separação de gêmeos siameses por mais de 25 anos. De acordo com o especialista, Kiraz e Aruna são classificadas como esquiópagas triplas, pois estão unidas pelo osso ísquio (no quadril), possuem três pernas e compartilham vários órgãos.

“Esse será um dos procedimentos mais complexos que já realizamos. Toda a preparação até aqui foi feita com muito cuidado para oferecer a elas a melhor chance de recuperação e qualidade de vida”, afirmou o cirurgião.

Histórico das gêmeas

No mês de outubro do ano anterior, Kiraz e Aruna passaram por uma primeira cirurgia para a implantação de expansores de pele no Hecad. Essa etapa teve como objetivo estimular o crescimento mais rápido da pele das crianças para que haja tecido suficiente para cobrir os dois corpos no momento da separação. As meninas estão sendo monitoradas regularmente, com consultas quinzenais e, no último mês, visitas semanais para assegurar seu crescimento, ganho de peso e atualização do esquema vacinal, garantindo imunidade e segurança clínica ideais.

Preparativos para a operação

A cirurgia contará com a participação de mais de 10 cirurgiões de distintas especialidades médicas, como cirurgia pediátrica, cirurgia plástica, urologia pediátrica, ortopedia pediátrica, cirurgia vascular, cirurgia do aparelho digestivo e anestesiologia, conforme informa o governo de Goiás. Essa força-tarefa, composta por profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), deve incluir mais de 20 profissionais atuando diretamente no centro cirúrgico, além de outros 40 envolvidos no suporte externo. A expectativa é de que o procedimento se estenda por mais de 15 horas.