O Vaticano em Xeque-Mate: conclave decidirá avanço ou retrocesso com a escolha do novo Papa

Conclave trará a escolha de um novo Papa que terá a missão de recuperar a imagem do Vaticano, porém, consciente de que o mundo já sabe que dentro da Casa do Papa a política interna nada tem de diferente da política mundial. Corrupção e pressões sobre quem comanda o "poder".

O Vaticano em Xeque-Mate: conclave decidirá avanço ou retrocesso com a escolha do novo Papa

Nos últimos dois séculos – XX e XXI – as eleições dos novos Papas têm trazido uma porta aberta do azar para a mais tradicional igreja do mundo, a do catolicismo romano, por meio de escândalos apurados internamente e expostos pela imprensa quanto aos dois eixos comportamentais, o da Cúria e o dos Papas.

Desde o Papa Pio XI entre 1922 e 1939, que teve em negociação como líder italiano Mussolini a criação do Estado do Vaticano pelo tratado de Latrão, dando para a igreja o Estado do Vaticano privilégios ainda hoje sob os olhares do mérito e das críticas.

Durante o final da Segunda Guerra Mundial, o Cardeal Eugenio Pacelli eleito Papa Pio XII, enfrentou duras críticas pela calma atitude diante do que se fazia aos judeus italianos presos em caminhões, distante da janela de onde o Papa poderia vê-los e nada fazia. Apenas 400 metros de distância. Era um clima de cobrança dos povos, uma ação do Papa em defesa dos inocentes massacrados pelos nazistas que arbitrariamente os mandavam para campos de concentração para onde milhares foram levados, e apenas quinze voltaram com vida.

O Papa Pio XII tomou então a decisão de acolher os judeus italianos abrindo as portas de parte do Vaticano como ambiente acolhedor, e enviou pedidos a todas as igrejas católicas do mundo para fazerem o mesmo. Era um avanço do sumo Pontífice contra as invasões dos alemães que por ordem de Hitler prendiam e matavam milhões em campos de concentração. Com o fim da Guerra, o Papa Pio XII marcou o seu pontificado como homem de Deus em defesa dos mais fracos, missão divina aos olhos das nações.

Com a morte do Papa Pio XII, o seu sucessor João XXIII, recebia o Vaticano em crise, mesmo sendo um seguidor do seu antecessor, Pio XII, quando teve que convocar o Sínodo romano e o Concílio Vaticano II como suas grandes realizações internas.

Com a morte de João XXIII, após cinco anos de papado, assumi como novo Papa Paulo VI, que se depara uma crise financeira sem precedentes no Vaticano foi forçado a nomear um representante interno para gerenciar o Banco do Vaticano – IOR – que sob suspeita de corrupção estava à bancarrota. E para salvar a entidade financeira e a Igreja, foram convocados dois dos maiores banqueiros da Itália, que, segundo reportagens sobre o assunto, introduziram dinheiro da máfia no IOR, fazendo em poucos anos o restabelecimento das fianças do Vaticano. Houve investigações da justiça italiana em busca de prender os dois banqueiros, dos quais um se suicidou e o outro que fora defendido com a espada desembainhada do Papa Paulo VI, pois nunca foi alcançado pela justiça italiana, por ser o Vaticano um Estado independente e dominado pelas suas próprias leis, e nenhum dos banqueiros foi preso. Os muros do Vaticano não abrem portas para o judiciário italiano.

Com a morte do Papa Paulo XI, veio a sucedê-lo o Papa João Paulo I que durou apenas 34 dias como sumo pontífice tendo uma morte cercada de mistérios entre enfarte ou outra causa-morte que nunca fora identificada na época. Mas João Paulo I queria apurar alguns escândalos dentro da igreja católica, inclusive os atos de corrupção no Banco do Vaticano e comportamentos errôneos de membros da igreja, mas que foram interrompidas tais investigações pela Cúria e pela morte de João Paulo I.

Em seguida, chega ao posto de Papa João Paulo II. Um polonês de origem comunista depois de cinco séculos de Papas italianos. Um choque dentro do Vaticano – leia-se Cúria – que sempre foi a verdadeira detentora das decisões de todos os Papas, e os que não aceitaram tamanha interferência, tiveram seus poderes reduzidos.

João Paulo II foi um Papa perfeito para o momento de fervura interna no Vaticano que precisava de uma voz humanitária a se espalhar pelo mundo para salvar a história enclausurada nas paredes que compõem o Vaticano em sua suntuosa e majestosa estrutura e segurança. 

João Paulo II também foi vítima de um atentado a bala em plena Praça de São Pedro onde foi alvejado por dois tiros de um iraquiano, até hoje não sendo descobertas as razões que o levaram a tal odioso crime, nem se existia por trás dele um mandante. Foi um Papa que deixou saudades em todos os lugares do mundo. João Paulo II não deu sequência às investigações propostas por João Paulo I, o que terminou por ficar como uma vacância na apuração dos fatos. 

Sucedendo a João Paulo II veio então Bento XVI que por postura rígida de alemão, buscou quanto aos dogmas da igreja enveredar então em busca de apurar os desvios de condutas de Cardeais, Arcebispos, Bispos e Padres, envolvidos em atos de corrupção e pedofilia. E mais uma vez a Cúria derrotou os intentos de Bento XVI, forçando-o a renunciar ao seu papado para que junto à sua renúncia caísse – como caiu – toda a Cúria dando nova ordem com a eleição do Papa Francisco, que fez qual o Papa João Paulo II como peregrino de Deus levar a igreja ao seu devido lugar, que é ajudar e defender aos pobres segundo a mensagem bíblica que em pura interpretação diz: “quem acolhe aos pobres a mim acolhe”. 

E neste momento, novamente o Vaticano vive dura crise financeira esperando que a solidariedade humana venha a acolher a Igreja como parte dos que necessitam da sua ajuda para sobreviver pregando e levando a palavra divina por todo o planeta. Planeta este, que o Papa Francisco pedia para ser defendido pelos homens contra exploração ilimitada causando danos irreparáveis à nossa casa. 

Portanto, a escolha do novo Papa pode trazer o retrocesso sempre presente pelos membros da Cúria, ou um revés para avanços dentro e fora da Igreja criada pelo Imperador Constantino de Roma.                 

Creditos: Professor Raul