Brasileiros enfrentam 10 bilhões de ligações de robôs mensalmente

Brasil e o Grande Desafio dos Robocalls

No Brasil, robôs realizam impressionantes 10 bilhões de chamadas por mês para verificar linhas ativas e alimentar operações de telemarketing e fraudes, de acordo com uma investigação do programa Fantástico. A pesquisa mapeou como empresas fornecem esses sofisticados programas de forma clandestina.

Como Funcionam os Robocalls

Essas chamadas automáticas, conhecidas como "robocalls" ou "metralhadoras", apresentam uma duração de até seis segundos antes de serem interrompidas. Elas utilizam números virtuais inexistentes. Esse rápido "ping" serve como uma espécie de "prova de vida": se alguém atende, o número é repassado para atendentes humanos de centrais de telemarketing, otimizando o tempo e evitando ligações a contatos inativos.

Impactos na Vida Cotidiana

Em uma emocionante entrevista ao Fantástico, a empresária Rosaura Brito, residente em Santo Antônio da Patrulha (RS), revelou: "Eu recebo de 30 a 40 chamadas por dia. Começa 8h01 da manhã", mesmo estando inscrita no site "Não Me Perturbe" da Anatel. Outra afetada, a servidora Gabriela Scholl, de Santana do Livramento (RS), expressou sua frustração ao perder um exame médico por não atender uma chamada urgente.

Fraudes e Golpes Eletrônicos

As quadrilhas estão explorando os robocalls para aplicar golpes cada vez mais realistas, utilizando áudios gravados e até inteligência artificial. O advogado José Milagre adverte que "muitos criminosos forçam você a dizer 'sim' ou 'não', para usar depois em contratos". Ele também destacou que a prática de alterar o DDD para enganar consumidores pode levar a penas de até oito anos de prisão.

Soluções e Combate à Prática

Especialistas ressaltam que bloquear números de robocalls não é eficaz, pois cada ligação vem de um código diferente. A Anatel informou que conseguiu reduzir 222 bilhões de chamadas entre junho de 2022 e março de 2025, introduzindo também o selo "origem verificada", que exibirá o nome e o logotipo da empresa ao realizar uma chamada. O Idec, representado por Luã Cruz, reforçou que ligações "mudas ou insistentes" violam o Código de Defesa do Consumidor.