Proposta de trégua do Hamas gera preocupação com crise em Gaza

Proposta de trégua do Hamas gera preocupação com crise em Gaza

Proposta de Trégua em Gaza


O Hamas confirmou nesta segunda-feira (14) que o movimento islamista palestino recebeu uma proposta israelense de trégua temporária em Gaza, um território que, segundo a ONU, enfrenta "provavelmente a pior situação humanitária desde o início das hostilidades".

Uma autoridade do Hamas comentou à AFP que a proposta israelense para encerrar a guerra viola uma "linha vermelha" inegociável. O movimento islamista anunciou, em comunicado, que responderá à proposta israelense após "as consultas necessárias".

De acordo com um alto dirigente do Hamas, a proposta de Israel contempla "a libertação da metade dos reféns" na primeira semana após o acordo, em troca de um cessar-fogo de "pelo menos 45 dias" e da entrada de ajuda humanitária no território palestino devastado.

Em seu plano, transmitido por meio dos mediadores egípcios, Israel também exige o desarmamento do Hamas e de outras facções armadas na Faixa, o que é considerado "uma linha vermelha" inegociável, conforme declarado por um responsável do grupo à AFP.

Cenário Humanitário em Gaza


A nova proposta surge em um contexto de crescente preocupação internacional com a situação humanitária em Gaza desde que Israel retomou as operações militares nesta área em 18 de março. A agência humanitária da ONU (Ocha) destacou nesta segunda-feira que "a situação humanitária é agora provavelmente a pior desde o início das hostilidades há 18 meses".

O Ocha informou que os últimos suprimentos autorizados a entrar em Gaza datam de um mês e meio atrás, sendo "a interrupção mais longa até hoje". Israel bloqueou, em 2 de março, a entrada de ajuda humanitária, fechando todas as passagens para o pequeno território palestino, e voltou a retomar as operações militares em 18 de março, após um período de dois meses de trégua.

A trégua que começou em janeiro colapsou depois que Israel acusou o Hamas de recusar a entrega de reféns mantidos em seu poder. "A ajuda humanitária se tornou a principal fonte de renda do Hamas em Gaza", declarou o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar. Ele ressaltou que, devido ao fechamento das passagens e às restrições dentro de Gaza, a escassez de suprimentos forçou as autoridades a racionar e reduzir os fornecimentos.

No hospital Nasser, localizado na cidade de Khan Yunis, no sul de Gaza, o médico Ahmed al Farah relatou que as equipes médicas estão trabalhando incessantemente, apesar da "escassez de tudo". O presidente francês, Emmanuel Macron, também se manifestou nesta segunda-feira, afirmando a Mahmud Abbas que é necessário "afastar" o Hamas do poder na Faixa de Gaza e "reformar" a Autoridade Palestina para que se avance em direção a uma solução de dois Estados no conflito com Israel.

A Autoridade Palestina, que é administrada pelo movimento Fatah de Abbas, rival do Hamas, tem controle parcial sobre a Cisjordânia ocupada. O atual conflito em Gaza teve início após um ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel, resultando na morte de 1.218 pessoas e desencadeando uma ofensiva israelense em Gaza que até o momento já deixou mais de 50.940 mortos. Os combatentes do Hamas capturaram, nessa ação, 251 reféns israelenses, com 58 ainda em seu poder em Gaza, incluindo 34 que, segundo o exército israelense, estariam mortos.