Mulher que pichou estátua no 8/1 fala sobre ato impulsivo

Mulher que pichou estátua no 8/1 fala sobre ato impulsivo

Contexto do Evento

A cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, reconhecida por pichar a estátua localizada em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante os ataques de 8 de janeiro de 2023, fez uma declaração em seu depoimento onde assegurou não ter invadido prédios na ocasião. Ela explicou que 'o calor da situação' influenciou suas ações naquele momento.

Por conta disso, Débora pediu desculpas pelo episódio que resultou em sua prisão e afirmou que não repetirá tal ato no futuro.

Depoimento e Reações

Durante uma audiência de instrução realizada em novembro, cuja gravação foi disponibilizada recentemente, Débora mencionou que um homem desconhecido havia iniciado a pichação com a frase 'perdeu, mané' na estátua conhecida como 'A Justiça' e pediu ajuda a ela. Em seu depoimento, ela relatou: "Quando me deparei lá em Brasília com o movimento, eu não fazia ideia do bem [valor] financeiro e simbólico da estátua... Faltou talvez um pouco de malícia da minha parte". O homem a incentivou a continuar a pichação, que se mostrava um ato coletivo naquele momento conturbado.

A Reconstituição da Situação

De acordo com Débora, a pichação já estava em andamento quando ela chegou ao local e isso a levou a participar sem compreender totalmente o impacto do que estava fazendo. Ela expressou: "Lembro que uma semana antes meu filho fez uma pergunta coincidentemente sobre escrita em muro... e eu fiz todo um texto para ele sobre isso, e eu não sei o que aconteceu comigo naquele dado momento".

Consequências e Refletindo sobre o Ato

Desde sua prisão em 17 de março de 2023, Débora tem refletido sobre suas atitudes e reconhece que a experiência a marcou profundamente. Ela declarou, inclusive, que ficou traumatizada pela situação, que não representa quem ela realmente é, e que sempre teve um comportamento disciplinado e respeitoso às normas. "Sou uma pessoa totalmente disciplinada, que sempre seguiu a lei rigorosamente".

A cabeleireira também mencionou que a experiência na prisão alterou suas percepções sobre a política e sobre seu papel na sociedade, afirmando que não pretende mais se envolver em manifestações políticas, pois sentiu repulsa pela situação que viveu.

Impactos Pessoais

Em seu relato, Débora revelou que desenvolveu crises de ansiedade durante sua detenção, mas destacou que recebe um bom tratamento no sistema prisional. Ela também está preocupada com o comportamento dos filhos, que estão apresentando reações atípicas, como agressividade e retraimento. "Ambos recebem tratamento psicológico".

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou uma denúncia contra Débora em maio de 2024, acusando-a de participar de atos de destruição de bens protegidos e por atos que configuram crimes contra o Estado democrático de Direito.

O Julgamento

A Primeira Turma do STF iniciou o julgamento de Débora em 21 de março, com o ministro-relator Alexandre de Moraes votando pela condenação a 14 anos de prisão. No entanto, outro membro da turma, o ministro Luiz Fux, pediu vista do caso, buscando mais tempo para análise. Essa situação trouxe à tona debates sobre a dosimetria das penas em casos envolvendo atos de desobediência civil e manifestações políticas.

O Papel de Débora como Simbolismo

Débora acabou se transformando em um símbolo dentro do contexto político atual, especialmente no apoio à aprovação de um projeto de lei que visa anistiar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. O deputado Luciano Zucco (PL-RS) comentou que a condenação de Débora, que é vista por muitos como desproporcional, se relaciona a questões políticas mais amplas que estão além do ato de pichação em si, ressaltando que ele acredita que podem haver reviravoltas judiciárias no futuro.