Nunes articula candidatura ao Governo de SP em 2026
12/03/2025, 15:30:26
Nunes avança em articulações políticas
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), está focado em se estabelecer como candidato ao governo estadual nas próximas eleições. Ele já discutiu esse assunto com secretários, vereadores e dirigentes partidários, sempre condicionando essa ideia à saída do atual governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para empreender a disputa pela Presidência.
Recentemente, vereadores da capital relataram que Nunes tomou conhecimento dos resultados de uma pesquisa de intenções de voto que o colocou como líder na disputa em um cenário sem Tarcísio. Ele enviou links celebrando esse levantamento a políticos de sua base via WhatsApp. A pesquisa, realizada pelo instituto Paraná Pesquisas, testou sete cenários eleitorais, quatro dos quais incluíam Tarcísio, que liderou em todos. Sem o governador na disputa, Nunes alcançou 35% das intenções de voto.
Preparativos para a campanha
Durante essas conversas, aliados do prefeito mencionaram que ele acredita que, caso decida entrar na disputa, já teria a seu favor cerca de 3 milhões de eleitores, referindo-se ao número de votos que obteve na disputa do ano passado, quando concorreu no segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL).
Um dos principais aliados de Nunes afirmou que o prefeito já está dedicando parte de seu tempo a entender as demandas da população no interior do estado, numa preparação para uma possível candidatura. O interesse de Nunes pelo interior ficou evidente mesmo antes da pesquisa que o posicionou de forma favorável.
Cooptação de aliados e estratégia eleitoral
Nunes buscou o apoio de quatro ex-prefeitos de grandes municípios para compor seu primeiro escalão: Orlando Morando (Segurança Urbana) de São Bernardo do Campo; Rodrigo Ashiuchi (Verde e Meio Ambiente) de Suzano; Rogério Lins (Esportes) de Osasco; e Luiz Fernando Machado (Parcerias e Desestatização) de Jundiaí. Essa estratégia é similar à adotada por José Serra (PSDB) durante seu governo, quando ele convidou políticos do interior para controlar subprefeituras, ajudando assim a criar bases eleitorais fora da capital.
Aliados de Nunes avaliam que parte das políticas públicas que o prefeito está implementando atualmente visa atrair o eleitorado de direita do interior paulista, que foi um fator importante na eleição de Tarcísio em 2022. Um exemplo dessa estratégia é a recente instalação de um "prisômetro" no centro da cidade, um painel eletrônico que exibe estatísticas sobre a criminalidade.
Desafios pela frente
Além disso, Nunes está tentando transformar a Guarda Civil Metropolitana (GCM) em uma "Polícia Metropolitana", após ser autorizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para tal. Contudo, ele tem encontrado resistência por parte de sua base na Câmara Municipal, que reagiu negativamente ao método impositivo usado nas negociações.
Os auxiliares do prefeito defendem que o programa SmartSampa, que inclui essa transformação, foi implementado durante sua gestão anterior, quando a possibilidade de buscar o governo ainda não era uma perspectiva.
Nunes ainda tem um ano para trabalhar sua candidatura. Para isso, ele deve renunciar ao cargo em abril do próximo ano, assim como Tarcísio, que precisa deixar o posto para se candidatar à Presidência. Em caso de vacância, a prefeitura ficará sob a gestão do vice, Ricardo Mello Araújo (PL), ex-comandante da Rota.
Apoio e lealdade política
Porém, Nunes terá que explicar sua decisão ao eleitorado, já que, pouco após ser reeleito em outubro, afirmou que cumpriria seu mandato até o fim. Além disso, ele enfrentará uma disputa pelas indicações políticas, uma vez que Tarcísio possui outros nomes cotados, como o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL).
Aliados também notam que Gilberto Kassab (PSD) e Felício Ramuth (PSD) estão em posições que podem influenciar a corrida eleitoral, caso Tarcísio deixe o governo. Nunes, por sua vez, mantém uma postura negativa em relação à sua eventual candidatura, insistindo que está focado em sua gestão.
Visão do presidente do MDB
O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, reforça que Nunes está concentando esforços nas demandas da capital, mas admite que ele é uma figura viável para a corrida ao governo paulista, ressaltando: "Quem foi prefeito reeleito de São Paulo pode disputar qualquer cargo na República".