Wang Yi critica política de Trump e seus riscos globais
08/03/2025, 09:31:41
Críticas de Wang Yi à política 'América Primeiro'
O chanceler chinês, Wang Yi, expressou preocupações significativas sobre as implicações da política \"América Primeiro\" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que essa abordagem poderia conduzir a um retorno à \"lei da selva\" nas relações internacionais. Durante um briefing realizado em Pequim, Wang destacou que se cada nação priorizasse seus próprios interesses, o equilíbrio global seria severamente comprometido.
\"Se todos os países se colocassem em primeiro lugar, a lei da selva prevaleceria. Países menores e mais fracos seriam os mais prejudicados, resultando em um golpe severo nas normas e na ordem internacional\", declarou Wang Yi. Ele é visto como um diplomata de alto escalão e um aliado confiável do presidente Xi Jinping, demonstrando assim a posição da China em um momento delicado marcado por tensões comerciais com os EUA.
A importância da reunião anual da legislatura chinesa
A reunião anual da legislatura chinesa, conhecida como \"duas sessões\", oferece uma plataforma crucial para discutir questões políticas e globais. Neste contexto, as falas de Wang refletem a determinação da China em se posicionar como um líder estável e confiável em meio a uma política externa americana tumultuada. Ao responder a uma pergunta sobre o aumento das tarifas sobre as importações chinesas, Wang adotou um tom desafiador: \"Nenhum país deve imaginar que pode suprimir a China de um lado enquanto mantém boas relações do outro. Essa abordagem não contribui para a estabilidade e é incapaz de estabelecer confiança mútua\".
A necessidade de obrigações internacionais
Em seu discurso, Wang enfatizou a necessidade de grandes potências cumprirem suas obrigações internacionais, ressaltando que interesses egoístas não devem prevalecer sobre os princípios universais. \"Um país que se posiciona como líder mundial não deve intimidar os fracos nem agir de forma que contrarie as normas estabelecidas\". Sua crítica ao estilo de liderança de Trump surge em um contexto onde os EUA têm mostrado crescente desprezo por acordos internacionais, o que apenas intensifica a retórica de Pequim.
Alterações na política externa dos EUA
Com a administração Trump, o envolvimento dos EUA com organismos internacionais foi drasticamente alterado. Dentre as ações mais polêmicas, está a suspensão da ajuda militar à Ucrânia e a alteração de relações históricas com nações aliadas, gerando um vácuo que a China parece querer ocupar, idealizando-se como protetora de normas internacionais.
Curiosamente, a retórica chinesa também se concentra em não apenas criticar os Estados Unidos, mas em aproveitar a crítica à agressão da China para reforçar sua narrativa de liderar um novo tipo de sistema de alianças. Em meio ao conflito na Ucrânia, Wang sublinha que as tensões geopolíticas exigem que todos os países reflitam sobre suas políticas, sugerindo que aqueles que acusam a China de aliança com a Rússia deveriam primeiro olhar para as ações dos EUA. \"As alianças devem ser construídas sobre interesses compartilhados e não sobre a insegurança de outros países\", completou.
Criticas à proposta de Trump sobre Gaza
Durante o briefing, Wang também abordou críticas em relação ao papel dos EUA na Gaza, especialmente seguindo a proposta polêmica de Trump de assumir o controle do território devastado pela guerra. \"Um verdadeiro interesse pela paz em Gaza deve se traduzir em esforços para um cessar-fogo duradouro e em contribuições substanciais para a reconstrução, e não em tentativas de dominar regiões\", disse Wang, evidenciando a visão da China sobre o papel que os EUA deveriam ter no cenário global.
A imagem da China no cenário internacional
Essas declarações vêm em um momento em que Wang Yi se esforça para projetar a imagem da China como uma potência liderando nações em um mundo em tumulto. Enquanto a tensão entre EUA e China se intensifica, a habilidade de Wang em manobrar através de questões diplomáticas delicadas será crucial para a sustentação do novo modelo de governança global que a China tenta estabelecer.
Assim, a mensagem central do chanceler é clara: a política egoísta que prioriza interesses nacionais sem considerar as responsabilidades globais pode levar a um ambiente internacional caótico e hostil, desestabilizando não apenas as nações menores, mas o sistema de segurança coletiva do mundo.