Putin freia negociações com Trump sobre Ucrânia
10/02/2025, 16:31:00![Putin freia negociações com Trump sobre Ucrânia](https://correiodopovoal-cms.nyc3.digitaloceanspaces.com/uploads/7f84648aac66f954d6dd5b4001564a93.webp)
Entendendo a Desconfiança de Putin em Relação a Trump
Após quase três semanas de um vendaval de contatos desorganizados, o governo de Vladimir Putin decidiu colocar um pé no freio nas negociações com a administração Donald Trump sobre um acordo para acabar com a Guerra da Ucrânia. Isso se deve à percepção de que o novo presidente americano ainda não possui um plano sólido e estruturado para a crise. Além disso, a posição de seus enviados é notavelmente mais próxima da de Kiev do que Trump inicialmente sugeria.
Um observador próximo das conversas do lado russo informou que Trump queria uma "saída Gaza" para a guerra. Isso se refere à estratégia de propor soluções políticas complexas, como fez ao sugerir assumir o controle do território palestino devastado pela guerra entre Israel e Hamas, e forçar as partes envolvidas a discutirem em torno dela. No entanto, a impressão geral em Moscou é a de que nem mesmo essa alternativa tem uma forma definida.
A Conferência de Segurança de Munique
Esta ideia poderá ser aprimorada até o fim da semana, quando o enviado de Trump para a crise, Keith Kellogg, está previsto para apresentar o plano de paz na Conferência de Segurança de Munique. De acordo com o site Semafor, Kellogg afirmou a aliados que apresentará várias opções para encerrar a guerra, porém não detalhou nenhuma delas. A resistência russa, portanto, pode também ser considerada uma estratégia para aumentar sua influência nas negociações.
A Falsa Comunicação entre os Líderes
A reportagem ouviu de três indivíduos próximos ao Kremlin que existe uma desconfiança compartilhada em relação ao anúncio feito por Trump, no qual afirmou ter conversado com Putin sobre a negociação. Este relato foi publicado pelo jornal "The New York Post" no domingo. Quando questionado sobre o assunto, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, respondeu que não poderia "nem confirmar, nem negar", uma vez que existem "diversas comunicações em curso".
Os Contatos Diplomáticos e Empresariais
Os contatos que se intensificaram logo no início do governo Trump foram conduzidos pelo filho do presidente, Donald Trump Jr., que tinha uma vasta experiência anterior em negociações com a Rússia. Em 2016, seus contatos ajudaram a alimentar a suspeita de que Putin havia influenciado nas eleições presidenciais americanas. Contudo, os contatos diplomáticos e empresariais subsequentes tornaram-se confusos, com a maioria levando em consideração soluções que se alinhavam mais às demandas de Zelenski, presidente da Ucrânia, do que à visão de Putin.
O Aumento da Tensão e a Mudança na Posição Americana
Recentemente, Trump alterou sua posição, sugerindo que estaria ao lado dos russos e prometeu encerrar a guerra "em um dia". Porém, ao assumir o cargo, ele prolongou o prazo para seis meses e passou a adotar uma postura mais firme, ameaçando mais sanções contra a Rússia se Putin não aceitasse negociar. Ao mesmo tempo, os contatos com a Ucrânia se intensificaram. Kellogg, por exemplo, já conversou com o embaixador ucraniano nos EUA e deve visitar Kiev ainda este mês.
A Reação de Zelenski e as Propostas de Troca
Trump sugeriu que manteria o apoio militar à Ucrânia em troca de concessões nos recursos minerais, que Zelenski aceitou, mesmo sabendo que muitas das reservas ucranianas estão nas áreas ocupadas por Putin. Os negociadores do Kremlin, por outro lado, perceberam a proposta de Trump como uma mudança de abordagem e responderam rejeitando soluções que envolviam a troca de uma grande parte das áreas ocupadas na Ucrânia por uma pequena parcela do território russo invadido por Zelenski.
A Situação Atual da Guerra
Atualmente, a Rússia controla cerca de 20% da Ucrânia, incluindo a Crimeia, anexada em 2014, e os territórios conquistados na invasão de 2022 que completará três anos em breve. Putin, por sua vez, considera que a Rússia deve se contentar apenas com as quatro regiões que conquistou, além da neutralidade militar da Ucrânia e sua desmilitarização - demandas às quais Zelenski se opõe.
A Necessidade de um Acordo
“Um conflito congelado vai levar a mais agressão. Se nós tivermos um entendimento que os EUA e a Europa não irão nos abandonar, que irão nos apoiar e prover garantias de segurança, eu estarei pronto para conversar em qualquer formato”, afirmou Zelenski em entrevista à ITV.
A Abordagem Russa e os Ultimatos
Moscou, por sua vez, através do vice-chanceler Serguei Riabkov, declarou que “quanto mais cedo os EUA e o Ocidente entenderem que todas as condições de Putin têm de ser aceitas, mais cedo haverá um acordo”. O vice-chanceler Mikhail Galuzin também cobrou Trump sobre a ausência de um plano que atenda às exigências russas, afirmando que "propostas concretas ainda não foram recebidas".
A Influência de Elon Musk
Há também uma discussão mais sutil em curso. Segundo alguns aliados, Putin ainda veria valor na continuação da guerra, mas deseja reduzir sua intensidade devido ao impacto econômico e social da situação atual. Acredita-se que as iniciativas iniciais de Trump possam oferecer um caminho alternativo para a Rússia emergir vitoriosa no conflito, especialmente sob a percepção de que a campanha de Trump contra o que ele chama de Estado Profundo dos EUA, influenciada por figuras como Elon Musk, pode enfraquecer institucionalmente o país.
Possíveis Cúpulas e Colaborações Futuras
É esperado que à medida que se avança na relação Rússia-EUA, ambas as partes considerem a realização de uma cúpula, possivelmente em locais neutros como a Arábia Saudita ou os Emirados Árabes Unidos. Essa expectativa se constrói em um cenário onde tanto Trump quanto Putin expressam interesse em tal reunião.