Número de pessoas em tratamento contra o HIV cresce 170% na última década


        Número de pessoas em tratamento contra o HIV cresce 170% na última década
O número de pessoas infectadas com o vírus HIV, responsável pela aids, que estão em tratamento regular tem aumentado ao longo dos últimos anos. Segundo dados do painel de monitoramento do Ministério da Saúde, analisados pela Agência Tatu, o total de pessoas em terapia antirretroviral (Tarv) aumentou 112% na última década, em todo país, e na região Nordeste a evolução foi ainda maior, de 170%.
Dez anos atrás, em 2014, das 87.419 pessoas vinculadas aos cuidados do HIV e da Aids no Nordeste, 69% (59.891) estavam em ‘terapia antirretroviral’ (Tarv) — quando estão fazendo a retirada correta dos medicamentos, sem atraso, ou com atraso inferior a 60 dias —, enquanto 14% (12.457) estavam em ‘perda de seguimento’ — aqueles pacientes em tratamento, mas que estão com atraso superior a 60 dias na retirada dos medicamentos.
Já outros 17% (15.071) estavam em ‘gap de tratamento’, ou seja, as pessoas que estão vivendo com HIV ou aids, mas que ainda não iniciaram o tratamento antirretroviral.


Em 2024, 81% (161.540) das pessoas vinculadas ao cuidado do HIV e da aids estão em tratamento antirretroviral na região, enquanto 17% (33.085) estão em perda de seguimento e 2% (5.604) estão em gap de tratamento. Desta forma, é possível perceber que, na última década, houve uma redução na proporção de pessoas com HIV que não iniciaram o tratamento, assim como também houve um aumento de pacientes que estão realizando o tratamento corretamente.
Quando se trata do número de casos de aids identificados, na região Nordeste, houve uma redução de 4% entre 2013 e 2022, que é o último ano com dados completos anuais. Em 2013, 9.234 pessoas foram diagnosticadas com Aids, enquanto em 2022 o número foi de 8.812 pessoas com a doença, na região.
Segundo os dados do Datasus, o estado do Nordeste que registrou o maior aumento de casos de aids, entre 2013 e 2022, foi Sergipe, que teve 327 casos no primeiro ano e 414 em 2022, representando 26,6% de crescimento. Por outro lado, Pernambuco teve a maior redução, de 24,6%, uma vez que possuía 2.055 casos em 2013 e 1.549 em 2022.
O tratamento do HIV é feito por meio de medicamentos antirretrovirais (ARV) que impedem a multiplicação do vírus no organismo, além de ajudarem a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Segundo o Ministério da Saúde, desde 1996 o Brasil distribui gratuitamente os ARV a todas as pessoas que vivem com HIV e necessitam de tratamento.
“O tratamento busca eliminar o vírus da circulação, aquele vírus que está provocando dano no sistema imunológico da pessoa e, com isso, fazer com que a carga viral caia para níveis indetectáveis. Se o paciente tomar corretamente, a resistência aos medicamentos não aparecerá. Então, o paciente pode ficar anos tomando o mesmo remédio sem problema nenhum", relata o médico Renée Oliveira.
A evolução nos medicamentos para o tratamento do HIV nos últimos 20 anos, conforme explica o médico, os tornou mais seguros e com menos efeitos colaterais.
"Desde que os primeiros casos de HIV e Aids apareceram, tivemos um progresso muito, muito bom. Hoje, o paciente tem pouco efeito colateral, que dá tranquilamente para tomar os medicamentos e, seguindo os trâmites de qualquer pessoa que busca uma saúde boa — como praticar atividade física e manter uma alimentação saudável —, ter uma qualidade de vida. Em comparação com o que tínhamos há 20 anos, com certeza hoje nós estamos em uma situação bem melhor", afirma o especialista.
Onde buscar tratamento ou testagem
O diagnóstico de HIV é feito a partir da coleta de sangue venoso ou digital (ponta do dedo), por meio de testes rápidos ou laboratoriais, que detectam os anticorpos contra o vírus. No caso dos testes rápidos, é possível obter um resultado em cerca de 30 minutos.
Para realizar a testagem ou obter o autoteste basta procurar uma unidade básica de saúde da rede pública, ou os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).
O Sistema Único de Saúde (SUS) também disponibiliza os medicamentos necessários para o tratamento da Aids, conhecidos como "coquetel". Para ter acesso, o paciente precisa ser devidamente diagnosticado por um médico, de preferência infectologista, e, com a receita em mãos, se cadastrar em uma unidade de saúde para realizar a retirada dos medicamentos na frequência correta.