Depois do casamento na campanha eleitoral, o divórcio no mandato pode ser inevitável

Um recado para os neófitos

Depois do casamento na campanha eleitoral,  o divórcio no mandato pode ser inevitável

A campanha eleitoral se transforma, a cada ciclo, em um verdadeiro espetáculo, onde os eleitores, como uma plateia fervorosa, aplaudem seus candidatos com fervor quase religioso. Os palcos das ruas e das redes sociais são invadidos por gritos entusiasmados e declarações de amor, que colocam os candidatos em um pedestal, quase como pop stars. Nesse contexto, a votação se torna mais do que um dever cívico; é uma demonstração de devoção, onde a legião de fãs se dedica a eleger seu artista favorito.

Entretanto, essa relação idílica tem um prazo de validade. O que começa como um romance regado a promessas de mudança e progresso logo se transforma em uma relação de cobrança e expectativas. Em 2 de janeiro, quando a lua de mel se dissipa, inicia-se um novo capítulo: a relação entre a sociedade e seus representantes. Esse "casamento" que floresceu durante a campanha enfrenta desafios e descontentamentos, especialmente no que diz respeito aos vereadores, que, por estarem mais próximos do cotidiano da população, se tornam os principais alvos das críticas.

Mesmo que os parlamentares se esforcem para desempenhar suas funções com excelência, muitos cidadãos continuam a perpetuar o mantra de que "vereador não faz nada", ignorando os desafios e as complexidades do cargo. A insatisfação parece ser uma constante na relação entre a sociedade e seus representantes, onde a expectativa muitas vezes não condiz com a realidade da política local.

Para os novos vereadores, que agora se veem expostos a um mundo repleto de expectativas, é crucial aproveitar ao máximo o período de "lua de mel". No entanto, é importante estar ciente de que o "grosso" está por vir. O verdadeiro trabalho político é longo, duradouro e exige resiliência diante das críticas e descontentamentos que virão. A transição de uma relação de adoração para uma de cobrança é um rito de passagem que todos os eleitos devem enfrentar, e a habilidade de navegar por essas águas turbulentas será fundamental para o sucesso de seus mandatos.

Assim, enquanto a empolgação da campanha ainda ressoa, é hora dos novos representantes se prepararem para o que realmente importa: servir à sociedade!

Creditos: Professor Fábio Andrey