Canoa Ferroviária: a última que vi morrer

Uma das belas embarcações dos tempos da hidrovia que tanto marcaram as margens do rio São Francisco entre Piranhas e Neópolis

Canoa Ferroviária: a última que vi morrer

Ainda quando criança, amedrontado pelas águas caudalosas e amareladas do rio da Unidade Nacional, o Velho Chico – anos 60 – eu pude ver a canoa Ferroviária participando da procissão do Bom Jesus dos Navegantes em Penedo, que, à época, era a maior festa religiosa do baixo São Francisco. Não era tempo de festa profana, ou melhor, do que o povo hoje quer.

Voltando aos anos 60, a canoa Ferroviária recebeu esse nome por ser toda construída em ferro, com pintura nas cores vermelha e verde, que demarcavam a linha d'água: parte acima da superfície e parte submersa. Seus mastros eram verticalmente retos e seu grande leme era manobrado pelas mãos do sábio mestre de popa.

Essa embarcação navegava em velocidade mais contida devido ao seu próprio peso, sendo um símbolo do baixo São Francisco por sua moderna confecção, fazendo a linha Penedo-Piranhas nos anos 50 e 60.

Após a lei do desuso, a famosa canoa foi abandonada à própria sorte nas imediações do campo do Sinimbu, onde a ferrugem corroeu toda a sua estrutura metálica, tornando-se ali seu local de sepultamento. Durante o período de descaso, a Ferroviária foi desaparecendo aos poucos, um trágico destino similar ao do também de ferro navio Comendador Peixoto.

Creditos: Por Raul Rodrigues