"Fim de uma Era: A Morte de Delfim Netto e o Legado Contraditório do Milagre Econômico"

Figura símbolo dos governos militares, apesar de civil, ex-ministro da fazenda Delfim Netto deixa para o Brasil lições de unificação do Nordeste como o restante do país como forma de desenvolvimento. Onde se planta produz desenvolvimento.

"Fim de uma Era: A Morte de Delfim Netto e o Legado Contraditório do Milagre Econômico"

Delfim Netto, uma figura icônica da economia brasileira, deixou um legado que permeia décadas de nossa história. Sua morte

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 marca o fim de uma era em que a economia era desenhada por mãos firmes e calculadas, muitas vezes em detrimento das questões sociais. Delfim foi um dos principais arquitetos do milagre econômico brasileiro, aquele período na década de 1970 em que o país experimentou um crescimento econômico sem precedentes, mas que também deixou marcas profundas na estrutura social.

O "milagre" impulsionado por Delfim Netto não foi sem custo. Enquanto a economia crescia a taxas exuberantes, a desigualdade social se alargava, e a concentração de renda se intensificava. Delfim, com seu raciocínio afiado e visão pragmática, justificava as medidas como necessárias para a construção de um Brasil moderno. Mas, para muitos, essa modernidade veio com um preço alto demais: uma dívida externa monumental e um abismo crescente entre ricos e pobres.

Ele foi o homem que viu na inflação um mal necessário e que acreditava no poder do Estado para alavancar a economia. Suas políticas deixaram uma marca indelével, tanto nas contas nacionais quanto na memória coletiva do Brasil. Delfim Netto era um pragmático, um homem de Estado que não tinha medo de tomar decisões difíceis, muitas vezes controversas, em nome de um bem maior, ainda que esse "bem" fosse questionável para muitos.

Sua morte é um momento para refletirmos sobre as escolhas que fizemos enquanto nação. Delfim Netto, com todas as suas contradições, representa um capítulo importante da nossa história econômica. Um capítulo que, agora, se encerra. No entanto, as lições – boas e más – que ele deixou continuarão a reverberar enquanto o Brasil buscar seu caminho em um mundo cada vez mais incerto.

Delfim se vai, mas a história que ele ajudou a escrever permanece viva, servindo tanto de guia quanto de advertência para as futuras gerações.

Creditos: Raul Rodrigues