Lei do Saneamento Básico Provoca Alvoroço Entre a População. Mas depois tudo passa.

A mesma mudança aconteceu com o fornecimento da energia elétrica. O povo reclamou com a chegada da Chesf, mas depois reconheceu as grandes melhorias que somente uma grande empresa poderia promover.

Lei do Saneamento Básico Provoca Alvoroço Entre a População. Mas depois tudo passa.

A Lei do Saneamento Básico, recentemente aprovada, está gerando uma série de reações entre a população brasileira. Promulgada com o objetivo de universalizar o acesso ao saneamento e melhorar a qualidade dos serviços oferecidos, a nova legislação promete mudanças significativas, mas também levanta preocupações e dúvidas entre os cidadãos.

Contexto e Objetivos da Lei

A nova Lei do Saneamento Básico, sancionada em 2020, tem como meta principal garantir que, até 2033, 99% da população tenha acesso à água potável e 90% tenha acesso ao tratamento e à coleta de esgoto. A legislação também facilita a entrada de empresas privadas no setor, promovendo concorrência com as companhias estatais e incentivando investimentos para a modernização e expansão dos serviços.

Principais Mudanças

Entre as principais mudanças trazidas pela lei, destacam-se:

  1. Metas de Universalização: A exigência de que todos os contratos de prestação de serviços estabeleçam metas claras para a universalização do acesso à água e ao tratamento de esgoto.
  2. Privatização e Concessões: A abertura do mercado para empresas privadas, permitindo que estas concorram com as companhias públicas em licitações para operar os serviços de saneamento.
  3. Regulação e Fiscalização: A criação de um ambiente regulatório mais robusto, com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) atuando como principal órgão de fiscalização e normatização do setor.

Reações da População

A reação da população à nova lei tem sido mista. Enquanto alguns veem as mudanças como um passo necessário para resolver os problemas históricos de saneamento no país, outros temem os impactos das privatizações e aumentos de tarifas.

Esperança de Melhoria

Parte da população, especialmente em áreas urbanas onde os serviços de saneamento já são relativamente desenvolvidos, vê a nova lei como uma oportunidade para melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços. A competição entre empresas públicas e privadas é vista como uma forma de incentivar investimentos e inovações que poderiam beneficiar os consumidores.

Preocupações e Críticas

Por outro lado, há um forte receio entre os moradores de áreas rurais e periferias urbanas de que a privatização possa levar ao aumento das tarifas de água e esgoto, tornando esses serviços inacessíveis para as camadas mais pobres da população. Organizações de defesa do consumidor e movimentos sociais têm criticado a lei, argumentando que a busca por lucros pode comprometer a qualidade e a acessibilidade dos serviços.

Além disso, há preocupação com a capacidade do governo e das agências reguladoras de fiscalizar adequadamente as empresas privadas e garantir que elas cumpram as metas de universalização estabelecidas pela lei.

Desafios e Perspectivas

A implementação da Lei do Saneamento Básico apresenta uma série de desafios. A infraestrutura de saneamento no Brasil é notoriamente deficiente, e a realização das metas ambiciosas estabelecidas pela nova legislação exigirá um esforço coordenado entre governo, empresas e sociedade civil.

Investimentos Necessários

Estima-se que serão necessários investimentos da ordem de R$ 700 bilhões para alcançar as metas de universalização até 2033. A expectativa é que a participação do setor privado ajude a suprir parte desse montante, mas a captação desses recursos e sua aplicação eficaz serão cruciais para o sucesso da lei.

Papel da Fiscalização

O papel das agências reguladoras será fundamental para garantir que os objetivos da lei sejam cumpridos. A ANA terá a responsabilidade de estabelecer normas claras e supervisionar a execução dos contratos de concessão, assegurando que as empresas cumpram seus compromissos de expansão e melhoria dos serviços.

Conclusão

A Lei do Saneamento Básico representa uma mudança significativa na gestão dos serviços de água e esgoto no Brasil. Embora traga a promessa de melhorias e modernização, também levanta preocupações legítimas sobre a acessibilidade e a qualidade dos serviços, especialmente para as populações mais vulneráveis.

O sucesso da lei dependerá de uma implementação cuidadosa e de um equilíbrio entre os interesses públicos e privados. A população, por sua vez, continuará atenta e engajada, esperando que as mudanças tragam, de fato, os benefícios prometidos para todos os brasileiros.

Creditos: Raul Rodrigues