Brasil
'Sinceramente, não recebi recurso algum. Ele terá de provar', diz Beltrame

RIO - O delegado federal José Mariano Beltrame, ex-secretário estadual de Segurança Pública do Rio (2007-2016), disse que coloca as declarações de bens, contas bancárias e outros dados patrimoniais à disposição das autoridades judiciais para provar, como garante, que nunca recebeu propina do esquema do ex-governador Sérgio Cabral. Ele chamou de “vagabundo e mentiroso” o economista Carlos Miranda, responsável pela delação que o envolve.
— Sinceramente, não recebi recurso algum. Ele terá de provar — desafiou, irritado.
Segundo Beltrame, em 2007, ano em que, conforme disse o delator, a propina de R$ 30 mil começou a ser paga, nem sequer conhecia Carlos Miranda:
— Nem sei ao certo se o conheci em algum momento.
O ex-secretário de Segurança afirma que só conheceu Paulo Fernando Magalhães Pinto algum tempo depois.
— Como fico? Foram dez anos de dedicação para chegar a isso aí. E ainda citam o nome da minha mulher. Pelo amor de Deus — reagiu.
José Mariano Beltrame disse que já foram feitas outras delações, no âmbito na Lava-Jato, que depois se revelaram falsas. O ex-secretário disse que, só agora, um ano e oito meses depois de deixar o governo, conseguiu organizar a vida profissional. Ele é dono de uma empresa de assessoria empresarial na área de segurança. Com a delação, o delegado teme que o projeto seja afetado, pois espera ser obrigado a dar explicações sobre a citação de seu nome:
— Não dá para aturar o nome na lama. Enterrei ali anos na minha vida profissional. Me sinto agredido por isso. O que direi à minha família?
Beltrame lembrou que, recentemente, venceu um processo judicial contra o ex-governador Anthony Garotinho, depois de se considerar caluniado. Ele não disse, contudo, se pretende fazer o mesmo com Carlos Miranda.
— Lamento que isso ocorra agora, porque sempre fui tratado com muito carinho no Rio — disse o gaúcho Beltrame.
Autor: CHICO OTAVIO / DANIEL BIASETTO
Fonte: OGlobo.com