E o Albatroz está vivo. E muito vivo mesmo.

Que os podres estão podres não se discute mais. Até porque a podridão está espalhada por a multidão.

E o Albatroz está vivo. E muito vivo mesmo.

Quando o poeta dos escravos, Castro Alves, inspirou-se no Albatroz – pássaro que sobrevoa os mares em busca de alimento – para descrever as dores e o sofrimento dos escravos trazidos da África passando antes pela Europa onde vendia os seus melhores exemplares – o escritor foi de uma felicidade tamanha que lhe rendeu o seu poema mais famoso, “Navio Negreiro” ainda hoje presente nas escolas secundaristas no culto à Literatura Brasileira.

Castro Alves não precisou estar dentro de cada navio para descrever a dor e o sofrimento de cada negro ou negra que fora tirado(a) das suas famílias para uma viagem só de ida e sem direito sequer a saber ou enviar notícias para os que por lá ficaram. Era na época a maior CORRUPÇÃO praticada por entre as autoridades que dominavam as Cartas Portuárias daquele tempo.

Nos dias atuais não preciso ir sobrevoar as águas do oceano que banha a Bahia de Todos os Santos, a terra de São Salvador, nem tão pouco me apropriar do olhar de um Albatroz para descrever que a CORRUPÇÃO dentro de determinados órgãos governamentais de Penedo continua não nos mesmos moldes, mas ferindo de morte a uma população que ignora as contas internas do erário que atravessa as portas bancárias via transferências para abastecer o ímpeto de quem se diz representante do povo.

Nos tempos de Castro Alves os escravos terminavam por serem vendidos aos felizes compradores – senhores de escravos ou grandes fazendeiros de Cacau – incluindo as amas de leite para seus filhos no intuito de assim preservar a mama das suas esposas de conformidade com a beleza que fosse cobrada pelo marido.

Nos dias atuais o crime é cometido pelas vias contratuais de alugueis de prédios de parentes para assim se pagar a possíveis empréstimos contraídos em tempos de eleição, por meio das rachadinhas por entre contratados de altos salários como assim procedem aos senhores políticos pelos quatro cantos do Brasil. Não preciso ser um Albatroz para saber que dentro das hostis da política a regra máxima permanece intacta: “a história se repete com novas personagens!”.

O Poder está Podre!

E a podridão se instalou por entre as repetições nos comandos de órgãos ou entidades públicas perfazendo a segunda máxima da CORRUPÇÃO: “quanto mais tempo se fica em cargo maior a tentação para a prática, pois o poder corrompe e muito mais quando quanto mais se demora!”.

Hoje os escravos são representados pelos que precisam de se submeter às regras da nova Ordem: “quer ficar aqui conosco? Se quer assine aqui!”. Estes os escravos internos.

Já os da vala dos comuns ficam a esperar em data marcada nas portas das instituições para receberem dos senhores feudais as respostas nem sempre positivas de quanto pediram via Whatsapp.

Albatroz, Albatroz,   

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

E assim caminha a população desempregada de Penedo enquanto os abutres de paletó e gravata apressam-se em receber o que falta a quem os escolheu.  

 

 

 

Creditos: Raul Rodrigues