A pandemia e o visível aumento de animais abandonados

Consequências do desastre da pandemia entre famílias e animais

A pandemia e o visível aumento de animais abandonados

Fui criada numa família onde éramos onze ao total: meu pai e minha mãe e o restante irmãos! Tudo era muito difícil para meus pais em relação à alimentação, vestuário... pois minha mãe era dona de casa e somente meu pai trabalhava (ele era motorista da antiga SUCAM). Nunca em minha casa se cogitava a ter qualquer tipo de animal doméstico porque quase não tinha para nós, imagina um animal!

Lembro-me que quando tinha oito anos, mais ou menos, na porta da minha casa avistei uns meninos maltratando um gatinho, jogando pedra e rolando como se ele fosse uma bola! Quando vi, entrei em desespero e corri para pegá-lo e xinguei-os bastante, chamando-os de tudo que me veio na cabeça com a cena de tamanha crueldade! Levei-o ao meu quintal (era pequeno o espaço) mas não vi nenhum empecilho para socorrê-lo. Dei um pequeno banho, enxuguei-o e corri para pegar uma vasilha com leite. Ele tomou todo, estava faminto! Eu, juntamente com minhas irmãs, começamos a cuidar dele! Muitas vezes deixávamos de comer para alimentar o gato (risos). Meu pai começou a se preocupar porque, como éramos pequenas e naquela época não existiam vacinas como hoje existem. Ele temia que pegássemos alguma doença e começou a reclamar do pequeno animalzinho que invadiu aquela casa!

O Xodó da casa

Um dia, ele chegou e falou comigo e minhas irmãs que não podíamos ficar com o nosso gatinho. Chorei muito e fiquei bastante triste, e o pior está por vir: ele levou o pequeno animal na parte de trás do carro e quando parou o veículo percebeu que o animal pulou do carro. Ele chegou em casa e falou pra minha mãe o ocorrido, eu entrei em desespero e chorei muito e fiquei muito chateada com meu pai! Ele percebendo minha dor foi atrás do pequeno animal, mas infelizmente nunca o encontrou!

Nunca mais quis saber de criar nenhum tipo de animal! Quando minhas duas primeiras filhas falavam em criar um cachorro eu entrava em pânico e sempre me recusava de forma bastante contundente!

Quando conheci e me casei com Raul, ele me falara que tinha medo de cachorro e nunca conseguia chegar perto de nenhum deles (podia ser qualquer um, até um de pequeno porte). Minha filha Rafaela, a mais nova, vivia pedindo a mim e ao pai um cachorro. Eu sempre dizia: “Deus me livre, eles dão muito trabalho, já basta você!”.

Quando Silvana saia, minha companhia depois de operado em Maceió.

O tempo passou e há exatamente um ano e cinco meses, Rafinha estava com o pai comigo no shopping de Maceió, quando fui a uma loja sem eles e quando retornei deparei-me com os dois todos desconfiados olhando para mim. Eu perguntei: “O que foi, aconteceu alguma coisa?” E eis que vi uma pequena cachorrinha, toda de lacinho (tinha dois meses) e Rafinha olhando para mim implorando! Eu disse “De jeito nenhum, não quero, não sei cuidar de cachorro, não tenho tempo e nem paciência, e ali foi uma lista de NÃO! Ela jurou que ia cuidar, dar banho, que eu não me preocupasse, mas mesmo assim eu disse NÃO!

Terminaram me convencendo a ficar com o cachorro, ou melhor, uma cachorrinha(risos). Retornei a Penedo parecendo uma mãe de primeira viagem que não sabia o que fazer! Foi muito difícil os primeiros meses, eu não entendia nada de como cuidar de um animal. Ela era tão pequena e frágil e que requeria tempo, gasto e bastante trabalho! Todos os dias eu reclamava. Muitas vezes, pensei em doá-la porque tudo sobrou para mim (risos).

Comecei a ler tudo sobre raça, vacinas, cuidados, higiene, melhor coleira, melhor alimento, etc... Hoje confesso que um animal doméstico é um presente de Deus! São fiéis, carinhosos, fazem muita companhia, querem estar junto da gente, inteligentes, só faltam falar(risos). Percebi que me tornei uma manteiga derretida com cachorros e gatos. Não consigo ver um animal de rua e passar tranquila sem observar a tristeza que é eles viverem sem um tutor.

Hoje de manhã, contei ao fazer minha caminhada sete cachorros de rua furando lixo para se alimentar. Isso me deixou com muito mal-estar, porque depois que a Mel entrou na minha vida comecei a enxergar a tristeza que é um bichinho sem ter ninguém que cuide dele! Li muitas reportagens que houve um aumento significativo de animais abandonados após a pandemia. Muitos de seus tutores morreram, outros não tem como alimentá-los porque tudo se tornou mais difícil e os abandonaram, isso é um problema muito sério!

Nossa Mel

Em Penedo, felizmente, existe a APPA (Associação Penedense de Proteção Animal) que comecei a seguir e ver a luta dessas colaboradoras iluminadas por Deus. Percebi que não basta ter pena, temos que nos sensibilizar e ajudar a tirar essas criaturas tão frágeis e abandonadas que vivem à mercê da sorte! Vamos cada um de nós fazermos a nossa parte, ajudando, fazendo doações e, principalmente, adotar (com muita responsabilidade) um animal de rua para acabarmos com um problema tão grave que é o abandono e os maus-tratos que esses inocentes vivem!

 

Por: Silvana Rodrigues Góes Gomes

 

 

Creditos: Silvana Rodrigues Góes Gomes