Toda uma vida a sociedade se dobrou ao poder do capital.

A sociedade sempre se dobrou ao capitalismo

Toda uma vida a sociedade se dobrou ao poder do capital.

Não é novidade alguma lermos ou assistirmos a reportagens que desfilam verdades sobre o aceitar da sociedade de contravenções por pessoas, contanto que alguma vantagem chegue ao povo sempre de maneira diferenciada. Mesmo que assim seja. Aos mais importantes os melhores dotes, e aos da vala dos comuns as migalhas. O que importa mesmo é a sociedade se mostrar solidária ao contraventor.

 

Relendo o livro da história do bicheiro Castor de Andrade que entre meios cita os demais bicheiros do Rio de Janeiro – Anísio da Beija Flor, Capitão Guimarães, Helinho, Turcão e Miro, dentre outros, que viveram e sobreviveram aos governos militares por mais duros que tenham sido, e ainda assim adentraram ao período da redemocratização do Brasil. E, assistindo à reportagem da CNN Brasil sobre o mesmo tema, pode-se concluir que nunca em tempo algum, governos ou sociedade deixaram de aceitar os “mimos” que somente o dinheiro pode dar.

 

Prova disto o que se segue: Castor de Andrade foi preso pelo governo militar e transferido para um “presídio” na Ilha Grande, onde Castor de Andrade permaneceu de verdade em uma casa com direito a empregados e até mordomo. No livro, existem citações de que Capitão do Exército modernizou o Jogo do Bicho, referência ao bicheiro Capitão Guimarães, que afirmou ter em Leonel de Moura Brizola o governador que nunca importunou ao “jogo do bicho” sem para tanto pedir dinheiro ao bicheiro.

 

Castor de Andrade foi e ainda é considerado pela história como o maior bicheiro de todos os tempos. Pois mesmo preso pelos governos militares, depois se tornou figura marcante em eventos militares de maior envergadura. Vivia e desfilava em meio aos Generais. Como então entender tais atitudes e sucesso do bicheiro?

 

Foi patrono das duas maiores áreas de contato com o povão. O carnaval e o futebol. No Carnaval por meio da Mocidade de Padre Miguel transformando-a em Campeã do Carnaval do Rio de Janeiro, um dos maiores espetáculos da terra. E no futebol através do Bangu, pequeno clube carioca, mas que se transformou na porta de entrada para o bicheiro ser considerado o Rei de Bangu. Com isto agradou a milhões de pessoas apaixonadas pelas artes que mexem com o povão.

 

Enquanto bicheiro, era um criminoso de menor potencial ofensivo, todavia para defender o seu território de trabalho, mandava matar como se pedia um cachorro quente. Em qualquer lugar. Mas para a sociedade a quem retribuía com empregos e presentes aos mais influentes, era um benfeitor. O Presidente da República João Baptista de Figueiredo recebeu das mãos de Castor de Andrade, um pandeiro de ouro – marco da vitória da Mocidade Independente de Padre Miguel – no Carnaval do Rio.

 

Para os mais novos, Carlinhos Cacheira, foi tão influente nos novos tempos que se aproximou do poder um grande bicheiro nos meios, da política, da justiça e de alguns figurões da política, mas jamais à altura de um Castor de Andrade. E assim continua a sociedade.

 

Creditos: Raul Rodrigues